Política Internacional
The Economist classifica tarifa de Trump como “chocante agressão” ao Brasil e compara interferência à Guerra Fria
Revista britânica vê retaliação à cúpula do Brics, destaca fortalecimento de Lula e alerta para impacto político e econômico da medida
25/07/2025
13:00
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
A revista britânica The Economist classificou como uma “chocante agressão” as medidas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil — incluindo a tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras e a suspensão dos vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a publicação, trata-se de uma das maiores interferências dos EUA na América Latina desde a Guerra Fria.
“Raramente desde o fim da Guerra Fria os Estados Unidos interferiram tão profundamente em um país latino-americano”, afirma a reportagem, publicada na quinta-feira (24) sob o título “A chocante agressão de Trump ao Brasil”.
A revista atribui o estopim das medidas à cúpula do Brics realizada nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro, evento que teria incomodado a Casa Branca pela articulação entre potências emergentes. A matéria também destaca o antagonismo ideológico entre Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mencionando críticas dos aliados do republicano às ações do ministro Alexandre de Moraes contra desinformação nas redes sociais.
Contrariando expectativas da direita, The Economist observa que a ofensiva de Trump pode estar fortalecendo politicamente Lula, inclusive entre setores tradicionalmente mais refratários ao petista.
“Brasileiros de todos os tipos estão apoiando Lula”, diz o texto. “O índice de aprovação, que vinha caindo, melhorou. Ele agora lidera o grupo de potenciais candidatos para a corrida eleitoral do ano que vem.”
A reportagem também aponta que o Congresso brasileiro, majoritariamente conservador, começou a se alinhar a Lula diante da crise, discutindo inclusive a possibilidade de tarifas retaliatórias contra os EUA.
Além disso, as sanções comerciais de Trump devem afetar principalmente regiões e setores tradicionalmente bolsonaristas, como o agronegócio — com destaque para os impactos nas exportações de carne, café e suco de laranja.
“É revelador que a confederação de agricultores do Brasil, geralmente leal a Bolsonaro, tenha condenado a ‘natureza política’ das tarifas”, observa a revista. “Até mesmo Bolsonaro tentou se distanciar, dizendo que ‘as tarifas não têm nada a ver conosco’.”
The Economist também criticou os EUA por atacarem o sistema de pagamentos instantâneos Pix, destacando que a plataforma fomentou concorrência e inovação no setor bancário brasileiro, afetando diretamente empresas americanas como Visa e Mastercard.
Apesar de reconhecer que o Brasil adota práticas protecionistas, a publicação britânica afirma que o verdadeiro motivo da retaliação americana seria político, e não comercial.
“O governo brasileiro tenta contatar a Casa Branca desde maio para negociar um acordo comercial, mas seus apelos têm sido ignorados”, conclui a revista.
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