Política / Justiça
Lula diz que investigação sobre fraudes no INSS não poupará familiares: “Se tiver filho meu envolvido, será investigado”
Declaração ocorre após depoimento à PF citar suposta mesada de R$ 300 mil paga a Lulinha por lobista investigado
18/12/2025
13:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (18/12), que não haverá qualquer tipo de proteção a familiares caso surjam provas de envolvimento no esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), investigado pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
“Tenho dito pros meus ministros e pessoas que participam da CPI: é importante que haja seriedade para investigar todas as pessoas que estão envolvidas. Se tiver filho meu envolvido, será investigado”, declarou Lula.
A fala ocorre em meio ao avanço da Operação Sem Desconto, que apura um esquema bilionário de descontos indevidos aplicados a aposentados e pensionistas do INSS, envolvendo entidades, lobistas e intermediários políticos.
Em depoimento à Polícia Federal, um ex-funcionário de Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, afirmou que o lobista teria feito um pagamento de R$ 25 milhões a Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, além de pagar uma “mesada” de aproximadamente R$ 300 mil.
As declarações fazem parte do material reunido no inquérito, que ainda está em fase de apuração. Lulinha não é réu nem investigado formalmente até o momento, mas o conteúdo do depoimento ampliou o debate político em torno do caso.
Conforme revelou o Metrópoles, a Polícia Federal possui documentação que comprova uma viagem internacional conjunta entre o Careca do INSS e Lulinha. Os dois teriam viajado em primeira classe de Guarulhos (GRU) para Lisboa (LIS), no dia 8 de novembro do ano passado.
Em meados deste ano, Lulinha mudou-se para Madri, na Espanha. A mudança foi considerada repentina por integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, levantando questionamentos entre parlamentares.
Os congressistas querem saber:
Se Lulinha teve acesso antecipado às investigações; ou
Se a mudança ocorreu quando já estava claro que haveria uma CPMI no Congresso Nacional para apurar o esquema.
A empresária Roberta Luchsinger, amiga de Lulinha, foi alvo de mandado de busca e apreensão na nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quinta-feira (18). Segundo a Polícia Federal, o Careca do INSS teria transferido R$ 1,5 milhão para a empresária.
A PF aponta Roberta como integrante do núcleo político do lobista, com atuação em ações de lobby e manutenção de contatos mesmo após a deflagração da primeira fase da operação, em abril de 2025.
O escândalo das fraudes no INSS veio à tona após uma série de reportagens do Metrópoles, publicadas a partir de dezembro de 2023. As investigações revelaram que:
A arrecadação de entidades com descontos em benefícios saltou para cerca de R$ 2 bilhões em um único ano;
Milhares de aposentados e pensionistas ingressaram com ações judiciais por fraudes em filiações associativas.
As reportagens resultaram na abertura de inquérito pela Polícia Federal e subsidiaram as apurações da CGU. Ao todo, 38 matérias do portal foram citadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril, que culminou na demissão do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Ao se manifestar publicamente, Lula buscou reforçar a narrativa de que as investigações devem alcançar todos os envolvidos, independentemente de cargo, vínculo político ou relação familiar, e que a apuração precisa seguir critérios técnicos e legais.
A Operação Sem Desconto segue em andamento, com novas diligências, análises financeiras e depoimentos previstos, enquanto o caso continua repercutindo no Congresso Nacional, no Judiciário e no cenário político nacional.
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