Política / Famosos
Crítico de Lula, Zezé Di Camargo recebeu quase R$ 20 milhões em recursos públicos em 2025
Levantamento aponta cachês de até R$ 600 mil pagos por prefeituras e revela também R$ 2,47 milhões em isenções fiscais via Perse durante o governo petista
18/12/2025
08:45
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
Mesmo sendo um crítico declarado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o cantor sertanejo Zezé Di Camargo recebeu R$ 19.679.500 em recursos públicos ao longo de 2025, segundo levantamento do portal Metrópoles com base em contratos oficiais firmados com prefeituras de diferentes regiões do país. Os valores dizem respeito a cachês pagos por apresentações artísticas financiadas com dinheiro público, em eventos municipais.
Além dos contratos para shows, empresas ligadas ao cantor também foram beneficiadas com R$ 2,47 milhões em isenções fiscais por meio da prorrogação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), já durante a gestão do presidente Lula.
De acordo com os documentos analisados, Zezé Di Camargo recebeu R$ 19.679.500 em contratos firmados ao longo de 2025 para apresentações em festas municipais, aniversários de cidades e eventos culturais. Os shows envolveram tanto apresentações solo quanto performances da dupla Zezé Di Camargo & Luciano.
Os valores pagos por apresentação variaram entre R$ 350 mil e R$ 600 mil, a depender do município contratante.
Há registros de contratos firmados por prefeituras dos seguintes estados:
Paraná
Goiás
Minas Gerais
São Paulo
Pernambuco
Santa Catarina
Mato Grosso do Sul
Rio Grande do Norte
Sergipe
R$ 600 mil – Prefeitura de Fazenda Rio Grande (PR)
R$ 580 mil – Prefeituras de Ilha Solteira (SP) e Loanda (PR)
R$ 570 mil – Prefeitura de Ubiratã (PR)
Todos os contratos foram firmados entre os municípios e a empresa Classical Holding Intermediação de Negócios LTDA, responsável pela representação artística do cantor junto ao poder público.
Embora os contratos tenham sido celebrados diretamente com prefeituras, parte dos eventos contou com recursos de origem federal, por meio de transferências e convênios. Ainda assim, conforme o levantamento, nenhuma das prefeituras que contrataram Zezé Di Camargo em 2025 é comandada por prefeitos filiados ao PT, partido do presidente Lula.
Além dos cachês pagos por apresentações, duas empresas ligadas a Zezé Di Camargo foram beneficiadas com a prorrogação do Perse, programa de isenção fiscal voltado ao setor de eventos.
Segundo dados da Receita Federal, divulgados em relatório oficial de acompanhamento do programa em junho, o cantor foi beneficiado com R$ 2.471.400 em isenções tributárias, no período entre abril de 2024 e março de 2025.
Classical Holding Intermediação de Negócios LTDA
R$ 1,9 milhão em isenções
MAC Produções LTDA
R$ 571,4 mil em isenções
O benefício consistiu na redução a zero das alíquotas de:
IRPJ
CSLL
Cofins
PIS/Pasep
O Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) foi criado em 2021, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, com o objetivo de socorrer o setor de eventos, duramente impactado pela pandemia da Covid-19.
Em 2023, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou encerrar o programa por meio de Medida Provisória, alegando impacto fiscal. No entanto, o Congresso Nacional reagiu e aprovou a prorrogação do benefício, mesmo contra a posição inicial da equipe econômica.
Após negociações, o governo Lula estabeleceu que o Perse vigoraria até atingir o teto de R$ 15 bilhões em isenções fiscais, limite alcançado em abril de 2025, quando o programa foi oficialmente encerrado.
A divulgação dos valores ocorre em meio à polêmica recente envolvendo Zezé Di Camargo e o SBT. O cantor publicou um vídeo nas redes sociais criticando a emissora por receber o presidente Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes em um evento institucional de lançamento do SBT News, canal de notícias 24 horas do grupo.
Em tom duro, o sertanejo afirmou que a emissora estaria “se prostituindo” ao abrir espaço para autoridades que ele critica politicamente.
“Uma coisa que eu sempre disse na minha vida: filho que não honra pai e mãe, para mim não existe”, disse Zezé, ao atacar as filhas de Silvio Santos, responsáveis pela gestão do SBT após a morte do fundador.
Após a repercussão das declarações, o SBT cancelou a exibição de um especial de Natal gravado pelo cantor. A decisão ocorreu depois de o próprio Zezé manifestar o desejo de que o programa não fosse ao ar.
Segundo relatos de bastidores, a presidente da emissora, Daniela Beyruti, não teria aceitado as críticas públicas. O SBT avalia levar o caso à Justiça.
Em nota e pronunciamentos internos, Daniela afirmou que a família foi alvo de ataques e defendeu a linha editorial do SBT News, destacando o compromisso com um jornalismo “sem partido, sem lado”, focado em informação factual e sem estímulo à polarização política.
A soma dos dados expõe uma contradição central: ao mesmo tempo em que critica duramente o presidente Lula, o cantor foi beneficiado por políticas públicas, isenções fiscais e contratações custeadas com dinheiro público, inclusive durante a atual gestão federal.
O caso reacende o debate sobre:
uso de recursos públicos para shows artísticos
critérios de contratação por prefeituras
benefícios fiscais a artistas e grandes empresas do setor cultural
coerência entre discurso político e prática econômica
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