Campo Grande (MS), Sexta-feira, 19 de Dezembro de 2025

Política / Justiça

Entenda o PL da Dosimetria aprovado pelo Senado, o impacto nas penas e os próximos passos

Projeto limita benefícios a crimes contra o Estado Democrático de Direito, segue para sanção e deve ser vetado por Lula

19/12/2025

10:00

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

O Senado Federal aprovou, na quarta-feira (17), o chamado Projeto de Lei da Dosimetria, que altera critérios para a aplicação de penas em crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado e à abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A proposta tem impacto direto sobre os condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023 e pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Como o texto já havia sido aprovado anteriormente pela Câmara dos Deputados, o projeto segue agora para sanção presidencial. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já sinalizou publicamente que pretende vetar integralmente a proposta.

A seguir, os principais pontos para entender o que foi aprovado, as mudanças feitas no Senado, os efeitos práticos e o que ainda pode acontecer.

O que o Senado aprovou

O texto aprovado estabelece que os crimes de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito não devem ter penas aplicadas de forma cumulativa quando ocorrerem dentro do mesmo contexto fático.

Nessas situações, o juiz deverá:

  • aplicar apenas a pena mais grave entre os dois crimes (ou apenas uma, se forem iguais);

  • aumentar essa pena de um sexto até a metade, conforme o caso.

O projeto também prevê:

  • redução de pena de um a dois terços quando os crimes tiverem sido praticados em contexto de multidão;

  • fixação do menor tempo possível para progressão de regime, equivalente a um sexto da pena, independentemente de reincidência, violência ou grave ameaça.

A proposta foi aprovada por 48 votos favoráveis, 25 contrários e 1 abstenção.

O que a Câmara dos Deputados havia aprovado

Na Câmara, o texto aprovado foi um substitutivo que estabelecia algumas exceções. Condenados por crimes contra a vida ou contra o patrimônio, cometidos com violência ou grave ameaça, deveriam cumprir:

  • 25% da pena para progressão de regime;

  • 30% da pena, em caso de reincidência.

Na prática, esse modelo aceleraria a progressão de regime para condenados por outros crimes fora desse rol, como incêndio doloso e coação no curso do processo.

A votação na Câmara ocorreu em 10 de dezembro, com:

  • 291 votos favoráveis

  • 148 contrários

  • 1 abstenção

O PL da Dosimetria surgiu como uma alternativa ao projeto de anistia, após articulação entre a cúpula da Câmara e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Quais foram as mudanças feitas no Senado

Os senadores aprovaram uma emenda apresentada pelo senador Sergio Moro (União Brasil-PR). A alteração limitou explicitamente a aplicação dos benefícios apenas aos crimes contra o Estado Democrático de Direito, que são exatamente os crimes imputados aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro.

O Senado classificou a alteração como emenda de redação, e não de mérito. Por isso, o texto não precisou retornar à Câmara e seguiu diretamente para a sanção presidencial.

Qual será a posição de Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na quinta-feira (18) que deve vetar o projeto.

“Tenho dito que as pessoas que cometeram crime terão que pagar pelos atos cometidos contra esse país”, declarou.

O presidente pode:

  • vetar integralmente o projeto; ou

  • vetar parcialmente.

O Congresso Nacional pode derrubar o veto presidencial. Para isso, é necessária maioria absoluta:

  • 257 votos na Câmara dos Deputados

  • 41 votos no Senado Federal

As votações ocorrem de forma separada.

Mesmo que o veto seja derrubado, o tema pode voltar ao STF, seja por questionamentos de constitucionalidade, seja para definir como a nova lei se aplicaria às penas já fixadas.

Qual é o impacto nas penas

O projeto pode gerar reduções significativas tanto na pena total quanto no tempo mínimo em regime fechado para condenados pela trama golpista e pelos atos de 8 de Janeiro.

No caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje investigado e réu em ações ligadas à tentativa de golpe, a proposta poderia:

  • reduzir o tempo estimado em regime fechado, hoje calculado entre 6 e 8 anos,

  • para um intervalo aproximado entre 2 anos e 4 meses e 4 anos e 2 meses, dependendo da interpretação judicial.


Próximos passos

  • Análise do projeto pelo Presidente da República

  • Possível veto total ou parcial

  • Eventual votação do veto pelo Congresso Nacional

  • Possível judicialização no STF

  • Definição sobre aplicação retroativa ou não da norma


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