Política Internacional
Trump revoga vistos de ministros do STF em retaliação a tornozeleira em Bolsonaro
Casa Branca inclui familiares na sanção e cita impacto na política externa; Gleisi reage e fala em “afronta à soberania nacional”
19/07/2025
08:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O governo dos Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (18) a revogação dos vistos de entrada de oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de seus familiares. A decisão é uma retaliação direta à ordem do ministro Alexandre de Moraes, que determinou o uso de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como medida cautelar.
Segundo comunicado oficial da Casa Branca, os alvos da sanção se enquadram em casos que “possivelmente teriam consequências adversas e graves para a política externa dos EUA”.
A lista de ministros do STF que tiveram os vistos cancelados inclui:
Alexandre de Moraes (indicado por Michel Temer)
Luís Roberto Barroso (indicado por Dilma Rousseff)
Dias Toffoli (indicado por Lula)
Cristiano Zanin (indicado por Lula)
Flávio Dino (indicado por Lula)
Cármen Lúcia (indicada por Lula)
Edson Fachin (indicado por Dilma Rousseff)
Gilmar Mendes (indicado por Fernando Henrique Cardoso)
Os ministros André Mendonça e Nunes Marques — ambos indicados por Jair Bolsonaro — e Luiz Fux não foram incluídos na medida. Fux, inclusive, tem adotado posições críticas sobre as penas aplicadas aos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023.
A presidente nacional do PT e ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou a decisão norte-americana como “uma afronta ao Poder Judiciário e à soberania nacional”.
“É inadmissível que um país interfira dessa forma no funcionamento das instituições brasileiras. O Judiciário tem independência e legitimidade para suas decisões. Não aceitaremos intimidações externas”, declarou Gleisi.
A medida da Casa Branca ocorre após Trump declarar que Bolsonaro está sob ataque de um “sistema judicial armado”, e coincide com outras iniciativas norte-americanas que vêm sendo interpretadas como tentativas de influenciar a crise institucional brasileira. Ministros afetados também vêm sendo acusados por bolsonaristas de liderar uma perseguição política contra o ex-presidente.
Além disso, os mesmos magistrados votaram a favor da regulação das plataformas digitais, tema sensível para Trump, que tem histórico de confrontos com redes sociais e já teve contas suspensas por violações.
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