Relações Internacionais
Senadores de MS alertam para cenário de “perde-perde” em missão aos EUA sobre tarifa de 50%
Comitiva brasileira reaquece diplomacia parlamentar e aponta riscos econômicos mútuos com tarifaço de Trump
30/07/2025
16:15
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A comitiva oficial do Senado brasileiro encerrou nesta quarta-feira (30) uma série de encontros em Washington, nos Estados Unidos, com o objetivo de alertar parlamentares e empresários norte-americanos sobre os impactos negativos da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente Donald Trump e prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.
Os senadores Nelsinho Trad (PSD-MS) e Tereza Cristina (PP-MS), representantes de Mato Grosso do Sul na missão, avaliaram que a viagem cumpriu seu principal papel: reativar a diplomacia parlamentar e abrir caminhos para futuras negociações entre os Poderes Executivos de ambos os países.
“Fomos claros ao mostrar que essa política pode prejudicar agricultores e empresas dos Estados Unidos, criando uma situação de perda para os dois lados”, destacou Nelsinho Trad.
Durante os três dias de missão, os parlamentares brasileiros se reuniram com nove congressistas americanos, incluindo os senadores Tim Kaine, Ed Markey, Mark Kelly, Chris Coons, Jeanne Shaheen, Martin Heinrich, a deputada Sydney Kamlager-Dove e o senador Thom Tillis, aliado de Trump. Um encontro com Lindsey Graham, próximo do ex-presidente, estava previsto, mas o senador não compareceu e não houve justificativa oficial.
Além dos parlamentares, a comitiva também manteve reuniões com representantes da iniciativa privada, reforçando os efeitos negativos do tarifaço para setores econômicos nos próprios EUA.
“Viemos fazer diplomacia parlamentar. Reaquecemos o diálogo e levamos a mensagem de que precisamos manter esse canal aberto”, afirmou Trad.
Outro ponto sensível levantado nos encontros foi a manutenção das relações comerciais do Brasil com a Rússia, especialmente a importação de fertilizantes e combustíveis. A senadora Tereza Cristina revelou que o tema foi tratado por parlamentares dos dois partidos e também por empresários norte-americanos.
“Eles veem que quem continua comprando da Rússia financia a guerra. Esse foi um assunto recorrente e deve estar no nosso relatório final”, destacou a ex-ministra da Agricultura.
Segundo os senadores, houve receptividade à carta enviada pelo Congresso Nacional brasileiro pedindo o adiamento da tarifa. A avaliação é que o curto prazo dado ao Brasil para o início da cobrança — em comparação com outros países — é desproporcional e injusto.
“Se conseguirmos apoio do Senado americano, isso pode nos dar mais tempo para negociar”, pontuou Tereza Cristina.
Os parlamentares reforçaram que não havia expectativa de resolução imediata da crise, mas que o trabalho de articulação e sensibilização foi bem-sucedido.
“Essa história está só começando. Mas conseguimos abrir canais com democratas e republicanos para mostrar que a decisão é prejudicial para todos”, concluiu Trad.
A comitiva se reunirá na próxima semana, já no Brasil, para sistematizar os resultados da missão e encaminhar recomendações ao governo federal, que será o responsável por eventuais negociações diplomáticas com os EUA.
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