Política Exterior / Economia
Nova crise com os EUA: senadores voltam da missão diplomática sob alerta de sanções por comércio com a Rússia
Além do tarifaço de Trump, Congresso americano pode aprovar punições a países que mantiverem importações russas — medida ameaça diretamente o agronegócio brasileiro
30/07/2025
15:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Em meio às negociações para tentar barrar o tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros, senadores da missão oficial do Senado em Washington retornam ao Brasil com um novo alerta: o Congresso americano pretende aprovar sanções econômicas contra países que mantiverem relações comerciais com a Rússia, incluindo a importação de fertilizantes.
O tema foi apresentado por parlamentares e empresários dos EUA durante os encontros da comitiva brasileira, que incluiu os senadores Tereza Cristina (PP-MS), Nelsinho Trad (PSD-MS), Jaques Wagner (PT-BA), Carlos Viana (Podemos-MG), Fernando Farias (MDB-AL), Marcos Pontes (PL-SP), Esperidião Amin (PP-SC) e Rogério Carvalho (PT-SE).
“É um assunto sensível e vai estar inserido no nosso relatório. Eles acham que quem compra da Rússia financia a guerra. Há um projeto de lei que deve ser votado antes do recesso nos EUA”, afirmou Tereza Cristina.
A proposta americana pretende aplicar sanções multilaterais a qualquer nação que mantenha negócios com a Rússia, considerada, pelo Congresso dos EUA, uma financiadora ativa da guerra na Ucrânia. Isso impactaria diretamente o Brasil, cujo agronegócio depende fortemente de fertilizantes russos. Em 2023, 23% de todo o fertilizante importado pelo país veio da Rússia, segundo dados do Comex Stat (Ministério da Economia).
“Temos um agro potentíssimo e com dependência quase total. Não tem fertilizante sobrando no mundo. Só se parar o agronegócio para deixar de comprar”, alertou o senador Jaques Wagner.
Diferente do tarifaço de Trump — decretado de forma unilateral pelo Executivo norte-americano —, a nova possível sanção partiria do próprio Congresso americano, com apoio bipartidário (democratas e republicanos).
“Não será uma ordem presidencial. Será uma lei aprovada pelo Congresso. Isso dá tempo ao Brasil para negociar e buscar consenso. Ao contrário das tarifas, que pegam já no dia 1º”, explicou Carlos Viana.
Os senadores brasileiros encerraram nesta quarta-feira (30) a missão diplomática nos EUA com o objetivo de abrir canais de diálogo e evitar maiores danos ao comércio bilateral. Segundo Nelsinho Trad, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, a temperatura da crise foi “baixada”, mas a tensão agora se agrava com a ameaça da nova legislação.
Entre os setores mais preocupados estão os produtores agrícolas, que temem uma ruptura no fornecimento de insumos essenciais para o plantio, como o potássio.
A expectativa é que os parlamentares continuem atuando junto à diplomacia brasileira para evitar que os fertilizantes sejam incluídos na lista de sanções, aproveitando as conexões estabelecidas com congressistas e empresários americanos nos três dias da missão.
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