Política / Justiça
"Se eu fosse o vice, Bolsonaro teria sido reeleito", diz Mourão ao criticar escolha de Braga Netto
Senador afirma que exclusão da chapa de 2022 foi erro estratégico e que crise atual poderia ter sido evitada
25/07/2025
10:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), general da reserva e ex-vice-presidente da República, afirmou nesta quinta-feira (25) que, se tivesse sido mantido como vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022, o ex-presidente não estaria enfrentando os atuais problemas judiciais. Em entrevista, Mourão criticou a decisão de Bolsonaro de substituí-lo pelo também general Walter Braga Netto, hoje preso, e apontou que o resultado eleitoral poderia ter sido outro.
“Se eu tivesse sido o candidato a vice dele, nós teríamos ganho. Nada teria acontecido, estava todo mundo feliz da vida, pô”, afirmou Mourão, em tom irônico, ao ser questionado se ter sido preterido não acabou sendo positivo para ele.
Segundo Mourão, sua saída da chapa foi acompanhada de um afastamento do núcleo central do governo. Ele deixou de ser convidado para reuniões ministeriais e viu sua participação esvaziada. Mesmo assim, durante depoimento ao STF, prestado em maio, o senador afirmou nunca ter presenciado discussões sobre medidas golpistas durante a transição de governo.
Apesar de criticar a escolha de Braga Netto para vice, Mourão demonstrou solidariedade ao amigo de longa data:
“Considero a prisão dele injusta e absurda. Dentro da visão do Alexandre de Moraes, é algo simbólico. Ele mantém um general de quatro estrelas preso.”
Braga Netto está detido desde dezembro de 2024, em uma unidade militar no Rio de Janeiro, acusado de integrar o núcleo que tramou uma tentativa de golpe para impedir a posse do presidente Lula. Ele responde como réu no Supremo Tribunal Federal (STF).
Mourão também abordou sua relação pessoal com Bolsonaro, marcada por atritos e uma espécie de “guerra fria” durante o mandato:
“É óbvio que eu teria tido uma conversa mais detalhada com ele para evitar os choques que ocorreram.”
A má relação ficou clara ainda em 2021, quando Bolsonaro comparou o vice a um “cunhado indesejado”. Desde então, os dois se distanciaram politicamente.
Em abril, Mourão visitou Braga Netto no quartel onde ele está preso e o presenteou com o livro “The Generals”, de Winston Groom, que conta a história de líderes militares dos EUA na Segunda Guerra Mundial. O senador explicou o gesto:
“É um livro sobre liderança. Algo que levanta a moral de quem está precisando.”
Mourão foi arrolado como testemunha por quatro réus no processo que investiga a trama golpista: os generais Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e o próprio Bolsonaro. Ele é, até o momento, um dos poucos nomes da cúpula militar do governo anterior a não ser investigado diretamente.
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