Política / Justiça
STF adota tom de cautela sobre possível prisão de Bolsonaro em meio à crise com Trump e tensão diplomática
Ministros avaliam que clima político e repercussão internacional exigem prudência; Moraes é respaldado, mas ação sobre entrevistas gerou ruídos internos
24/07/2025
07:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O Supremo Tribunal Federal (STF) vive um momento de tensão institucional e debate interno diante da escalada da crise envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a reação dos Estados Unidos com a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Ministros da Corte passaram a defender uma postura de cautela frente à possibilidade de prisão preventiva de Bolsonaro, especialmente após a repercussão negativa da decisão do ministro Alexandre de Moraes, que condicionou a liberdade do ex-presidente ao silêncio sobre medidas cautelares.
“Os juízes devem arbitrar conflitos tanto quanto possível em prol da pacificação”, afirmou o ministro Luiz Fux, ao criticar a escalada e defender o princípio da soberania nacional.
Moraes mantém apoio da maioria dos ministros na condução do inquérito sobre tentativa de golpe, inclusive nas medidas como a tornozeleira eletrônica e a proibição de contato com outros investigados.
No entanto, a ameaça de prisão por declarações à imprensa gerou desconforto entre colegas.
Cinco ministros, segundo apuração da Folha de S.Paulo, defendem moderação neste momento, destacando os impactos de uma prisão preventiva sobre:
O processo judicial em fase final;
A repercussão internacional;
As negociações para barrar o tarifaço de Donald Trump.
A ameaça de prisão ocorreu em meio ao esforço diplomático do governo brasileiro para reverter as tarifas unilaterais impostas pelos EUA.
Lideranças políticas e empresariais sinalizaram ao STF que uma prisão agora poderia tumultuar negociações comerciais e ampliar a instabilidade institucional.
A revogação dos vistos de 8 dos 11 ministros do Supremo por parte do governo Trump foi recebida como ato simbólico de agressão diplomática, embora classificada como de “baixo impacto prático” internamente.
O ex-presidente Michel Temer divulgou vídeo pedindo diálogo institucional e criticando os excessos tanto do governo norte-americano quanto de lideranças locais:
“São inadequações que não se resolvem com bravatas, mas com diálogo entre nações parceiras”, afirmou Temer.
Na quarta-feira (23), Bolsonaro acordou às 5h30 com helicópteros e imprensa na porta, temendo prisão iminente. Porém, ao longo do dia, aliados transmitiram sinalizações de distensão:
O clima entre os ministros do STF esfriou;
Não havia decisão ou mandado de prisão até a noite;
A avaliação no entorno do ex-presidente é de que ele não descumprirá mais as cautelares.
Ele passou o dia na sede do PL Nacional, acompanhado por parlamentares como Evair de Melo, Sóstenes Cavalcante e Magno Malta. Apesar da presença da imprensa, limitou-se a dizer: "Infelizmente, não posso falar."
Um ministro do STF sugeriu “pacto de silêncio” entre Bolsonaro e o Supremo para evitar novas tensões.
A expectativa é que o processo sobre a tentativa de golpe entre na reta final, com julgamento previsto nos próximos meses.
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