Economia / Relações Internacionais
Haddad confirma plano de contingência contra tarifaço de Trump e cobra ação de aliados de Bolsonaro nos EUA
Medidas incluem linha emergencial de crédito e ações na OMC; decisão final será de Lula
24/07/2025
18:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta quinta-feira (24) que o plano de contingência do governo federal contra o tarifaço imposto pelos Estados Unidos já está concluído e será apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na próxima segunda-feira. O plano, elaborado por diferentes pastas, inclui linhas de crédito emergenciais, apoio jurídico a empresas afetadas e ações diplomáticas e comerciais em organismos internacionais.
“O plano de contingência está pronto. Tem propostas de todo tipo, inclusive linha de crédito. Agora cabe ao presidente decidir o que será adotado”, afirmou Haddad em entrevista à Rádio Itatiaia.
O tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros foi anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, como retaliação por supostos atos de censura e violações à liberdade de expressão no Brasil, especialmente em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida entra em vigor em 1º de agosto e pode atingir setores como siderurgia, agronegócio e indústria de transformação.
Criação de fundo emergencial privado, com recursos do Tesouro Nacional, para empresas que comprovarem prejuízos com a perda de receita nas exportações para os EUA;
Linhas de crédito com juros subsidiados, com acesso condicionado à comprovação de perdas por conta das novas tarifas;
Apoio jurídico a empresas brasileiras que entrarem com ações na Justiça americana contra as medidas de Trump;
Ação na OMC (Organização Mundial do Comércio), com base em práticas anticompetitivas;
Negociação diplomática por meio do Itamaraty e outros ministérios.
Segundo Haddad, parte do setor privado norte-americano também está movendo ações contra a medida:
“Tem muitas empresas americanas litigando contra a decisão do Trump porque querem os contratos honrados. Isso mostra que há interesse interno nos EUA em derrubar essas tarifas.”
O ministro relatou que o Brasil tentou contato com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, mas a Casa Branca assumiu o controle da questão. Haddad atribuiu parte do impasse à atuação de aliados de Jair Bolsonaro nos Estados Unidos:
“Há brasileiros ligados ao ex-presidente Bolsonaro que estão militando para que as negociações não tenham início. Isso está atrapalhando o Brasil.”
Ele cobrou que governadores aliados de Bolsonaro, como Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO), atuem para desobstruir as negociações e critiquem a atuação de nomes como Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo:
“Essas pessoas devem se mobilizar junto ao Bolsonaro para que parem de militar contra o Brasil. Se esses governadores sensibilizarem esses personagens, tudo isso acaba rapidamente.”
Haddad também comentou a inclusão do PIX na investigação do USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA), que avalia se o sistema de pagamento brasileiro representa uma prática desleal:
“O Pix é uma tecnologia melhor que a deles, e não foi feito para enriquecer empresário. Foi feito para beneficiar a população. Nós não estamos cobrando nada por ela.”
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