Política / Justiça
Defesa do general Paulo Sérgio coloca Bolsonaro no centro do golpe e irrita aliados do ex-presidente
Advogados alegam que ex-ministro tentou demover Bolsonaro de adotar “medidas de exceção”; STF e bolsonaristas reagem
04/09/2025
07:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A defesa do general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, surpreendeu o Supremo Tribunal Federal (STF) e enfureceu aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante julgamento na 1ª Turma da Corte, os advogados do militar sustentaram que Paulo Sérgio teria tentado dissuadir Bolsonaro de adotar medidas de exceção após a derrota eleitoral de 2022 — argumento que coloca o ex-presidente no epicentro da trama golpista.
Ministros do Supremo, segundo relatos de bastidores, ficaram surpresos com a contundência do discurso. A ministra Cármen Lúcia chegou a questionar diretamente a defesa sobre o que significava “demover Bolsonaro”:
“Demover de quê?” — perguntou a magistrada, evidenciando a ligação do ex-presidente com planos de ruptura institucional.
A estratégia da defesa causou forte irritação entre aliados políticos e advogados dos demais réus. Nos bastidores, a avaliação é de que Paulo Sérgio “complicou a vida de Bolsonaro” em um momento decisivo do julgamento.
O ex-secretário de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, reagiu publicamente no X (antigo Twitter), ironizando a versão apresentada:
“Uma turma que vivia no bate e assopra na orelha do presidente criava teorias conspiratórias para se manterem vivos.”
Nos bastidores do STF, a situação de Paulo Sérgio Nogueira e do general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), vem sendo analisada de forma diferenciada. Alguns ministros consideram que, embora ambos não possam alegar desconhecimento da trama, há indícios de que Paulo Sérgio buscou evitar a consumação do golpe, enquanto Heleno teria se afastado após a polêmica reunião em que falou em “virar a mesa”.
Para parte da Corte, o relato pode indicar que Paulo Sérgio tentou conter excessos, mas o discurso da defesa também reforça que Bolsonaro esteve no centro das articulações golpistas. A divisão interna pode pesar na dosimetria das futuras decisões contra os militares envolvidos.
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