Política
Demissão de Wajngarten a pedido de Michelle Bolsonaro escancara racha na direita para 2026
Mensagens com Mauro Cid revelam tensão nos bastidores do PL e embate sobre eventual candidatura da ex-primeira-dama
21/05/2025
12:45
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
A demissão de Fábio Wajngarten, advogado e ex-marqueteiro de Jair Bolsonaro (PL), foi um pedido direto de Michelle Bolsonaro e escancarou o racha interno na direita brasileira a respeito das eleições presidenciais de 2026. A crise interna ganhou força após a divulgação de mensagens de janeiro de 2023, nas quais Wajngarten e Mauro Cid ironizam uma possível candidatura da ex-primeira-dama.
“Talvez [Michelle] não tenha talento ou coragem para sair do sistema”, ironizou Mauro Cid na conversa.
Wajngarten respondeu dizendo não apoiar Michelle e que os filhos de Bolsonaro também não estariam com ela.
As mensagens foram reveladas pelo UOL e expõem o conflito entre os que defendem um nome da família Bolsonaro na cabeça de chapa e os que avaliam que o desgaste político e jurídico do ex-presidente torna isso inviável, sugerindo nomes alternativos — como o próprio Silas Malafaia, citado por Wajngarten como opção “de fora”.
O rompimento entre Michelle e Wajngarten é apenas a face mais visível de uma disputa intensa na direita bolsonarista:
Grupo 1 – “Herança Bolsonaro”
Defende que alguém do clã Bolsonaro (de preferência Michelle) dispute a presidência em 2026 como forma de manter a base mobilizada e garantir um eventual indulto a Bolsonaro, caso ele seja condenado pelo STF.
Michelle é a favorita desse grupo, ainda que internamente existam ressalvas quanto à sua viabilidade eleitoral.
Grupo 2 – “Viabilidade política”
Considera que a estratégia de manter o bolsonarismo centralizado na família é arriscada, e defende uma candidatura ao Senado para Michelle e um nome de fora mais palatável para 2026.
Mesmo na família Bolsonaro há divergência. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) já manifestou simpatia por uma candidatura de Michelle. Outros filhos, porém, rejeitam a ideia.
O pastor Silas Malafaia, citado nas mensagens como possível presidenciável, saiu em defesa de Wajngarten após sua demissão.
“Você tem minha solidariedade. Não gosto de ver covardia e gente sem memória de coisas boas”, disse Malafaia nas redes sociais.
Wajngarten chegou a escrever em tom provocativo:
“Vou meter o Malafaia. Pode escrever. Para derrotar o PT, Lula e a esquerda, precisaremos de um grande nome e de fora.”
A demissão de Wajngarten marca o enfraquecimento da linha estratégica mais técnica dentro do PL, que buscava preparar a imagem de Michelle com foco no Senado.
Reforça a posição da ex-primeira-dama como figura de influência no comando do partido e na possível composição da chapa de 2026.
Expõe um cenário incerto para o bolsonarismo, com investigações do STF em curso e fragilidade crescente na definição de uma candidatura viável.
As mensagens de Wajngarten e Cid são de janeiro de 2023, antes da inelegibilidade de Bolsonaro, decretada pelo TSE em junho.
A discussão agora gira em torno de manter Michelle como protagonista da direita conservadora ou buscar um nome alternativo, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) ou Ratinho Junior (PSD-PR).
A decisão sobre o nome apoiado pelo PL em 2026 será determinante para a sobrevivência política do bolsonarismo e a coesão de sua base.
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