Artigo
Mandamento de Batismo pelos Mortos
02/11/2025
07:30
WILSON AQUINO
WILSON AQUINO*
Neste Dia de Finados, quando flores e lágrimas se misturam sobre as lápides silenciosas, o coração humano se volta para o mistério da eternidade. Muitos acreditam que a morte seja o fim, um ponto final em nossas histórias. Mas, para aqueles que compreendem o Evangelho de Jesus Cristo, a morte é apenas uma vírgula — uma breve pausa na continuidade da vida. O Salvador nos ensinou que a vida é eterna, o amor é indestrutível e as famílias podem permanecer unidas para sempre.
Cristo mesmo testificou que “quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11:25). E o apóstolo Paulo reafirmou essa verdade ao declarar que “assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Coríntios 15:22). A esperança da ressurreição é, portanto, o alicerce da fé Cristã — a certeza de que voltaremos a viver e de que voltaremos a encontrar aqueles que amamos.
Mas o Evangelho restaurado vai além dessa esperança: ele nos ensina que a salvação e a exaltação são dádivas disponíveis a todos os filhos de Deus, inclusive àqueles que morreram sem conhecer a verdade. As escrituras revelam que, durante o breve intervalo entre Sua crucificação e ressurreição, o próprio Cristo “pregou aos espíritos em prisão” (1 Pedro 3:19), levando luz e libertação aos que aguardavam em trevas.
Ali começou a grandiosa obra redentora no mundo espiritual — uma obra que continua até hoje, sob direção divina, por meio de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a única na Terra autorizada a realizar o batismo vicário, ou batismo pelos mortos, conforme ensinado nas escrituras: “De outra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se de todo os mortos não ressuscitam?” (1 Coríntios 15:29).
Essa ordenança sagrada é realizada apenas nos Santos Templos, casas do Senhor erguidas em várias partes do mundo, onde o céu parece tocar a Terra. O ambiente é de paz profunda, de reverência e de amor puro. Lá, homens e mulheres dignos entram em nome de antepassados, parentes ou não, para realizar ordenanças que eles próprios não puderam receber em vida. É um ato de compaixão e fé — uma das mais belas expressões de amor Cristão.
Como o Presidente Russell M. Nelson, que faleceu recentemente aos 101 anos, ensinou: “No Templo, aprendemos sobre o Plano de Deus e realizamos ordenanças que nos abrem as portas da eternidade — não só para nós, mas também para nossos antepassados que aguardam, com esperança, por essa oportunidade.”
Esses atos de serviço espiritual são acompanhados de milagres silenciosos. Membros de todas as idades, de diferentes cidades e estados, viajam centenas de quilômetros em caravanas de fé, saindo, inclusive de Mato Grosso do Sul, rumo ao Templo de Campinas-SP, o mais próximo dessa região. São dias dedicados à oração, ao serviço e à comunhão com o Espírito. Muitos voltam dali transformados, relatando sentir uma paz indescritível — como se os céus se abrissem por instantes para confirmar que a obra é verdadeira.
O Dia de Finados, portanto, não deve ser visto apenas como um dia de dor e saudade, mas como uma oportunidade de celebrar a eternidade da vida. Nossos entes queridos não estão perdidos, nem distantes — apenas continuam em uma outra dimensão do mesmo Plano Divino. Eles vivem, pensam, aprendem, e aguardam o cumprimento das promessas de Deus. A morte, que aos olhos do mundo parece derrota, aos olhos do Evangelho é transição, crescimento e recomeço.
Outro ensinamento glorioso revelado em nossos dias é o do selamento eterno das famílias. Nos Templos, maridos e esposas são unidos para o tempo e para toda a eternidade, e filhos são selados a seus pais e avós. Isso significa que os laços familiares, fortalecidos em amor e fé, podem ultrapassar os limites da mortalidade. O Presidente Gordon B. Hinckley, em uma de suas mensagens mais tocantes, afirmou: “O lar é o alicerce do Reino de Deus na Terra. Nenhum sucesso na vida compensa o fracasso no lar — e nenhum amor terreno é mais profundo do que aquele que Deus eterniza nos Templos.”
Que bênção saber que, por meio dessas ordenanças, o amor não termina no túmulo. O marido poderá reencontrar a esposa amada, os pais abraçarão seus filhos outra vez, e famílias inteiras poderão se reunir em glória. Esse é o verdadeiro significado do Dia de Finados: não apenas recordar quem se foi, mas compreender que ninguém realmente se perde. Todos os que se voltam a Cristo, vivos ou mortos, têm a promessa de um reencontro eterno.
Assim, em vez de chorarmos como quem perdeu, podemos orar como quem confia. Podemos sentir gratidão pelo tempo compartilhado e esperança no tempo que ainda virá. Pois como declarou o Salvador: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (João 5:24).
Que este Dia de Finados, em vez de ser marcado apenas pela saudade, seja iluminado pela certeza da vida eterna. Que cada flor depositada sobre um túmulo seja um símbolo de fé, e cada lágrima, uma semente de esperança. Pois o Evangelho de Jesus Cristo nos ensina que a morte é apenas uma curva no caminho — e, logo adiante, todos nos encontraremos de novo, sorrindo, vivendo e amando para sempre.
“E Deus enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas.” (Apocalipse 21:4) A vida é eterna. O amor é eterno. As famílias são eternas. E é nessa verdade que repousa nossa paz, nossa fé e nossa alegria.
*Jornalista e professor.
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