Economia Internacional
China reage ao novo tarifaço de Trump e ameaça retaliar: “Não temos medo de brigar”
Pequim critica os EUA por práticas “equivocadas” e sinaliza novas medidas após anúncio de sobretaxa de 100%; mercados globais despencam.
12/10/2025
10:00
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
O mais recente capítulo da guerra comercial entre Estados Unidos e China reacendeu as tensões geopolíticas e provocou forte instabilidade nos mercados globais. O anúncio feito na sexta-feira (10) pelo presidente Donald Trump, de uma nova tarifa de 100% sobre produtos chineses, foi recebido com duras críticas e ameaça de retaliação imediata por parte do governo de Pequim.
Em comunicado oficial, o Ministério do Comércio da China afirmou que as medidas americanas são “ações equivocadas e provocativas”, e que o país está pronto para responder “na mesma proporção”.
“A China não quer lutar, mas não tem medo de lutar. Tomaremos medidas correspondentes para proteger nossos direitos e interesses”, declarou o governo chinês.
Segundo o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, a decisão de Trump deve abrir caminho para uma nova rodada de retaliações comerciais.
“A China é o único país com capacidade e condições de usar a mesma ferramenta contra os EUA — e já fez isso antes”, afirma Vale.
Até o dia 1º de novembro, prazo estipulado por Trump para o início das tarifas, o especialista prevê um período de alta volatilidade nos mercados.
Logo após o anúncio, os reflexos foram imediatos:
Petróleo caiu mais de 4%;
Ibovespa futuro recuou 1,15%;
Bitcoin e Ethereum desvalorizaram 8,23% e 14,56%, respectivamente;
Dólar futuro para novembro disparou 2,67%.
Na avaliação de Sérgio Vale, o impacto das medidas de Trump será negativo para os próprios Estados Unidos, ao aumentar custos internos e afastar parceiros comerciais.
“Nada do que ele está propondo trará ganhos em balança comercial ou industrialização. Ele aprendeu a usar tarifas como arma de pressão, mas está isolando os EUA e alimentando a inflação interna”, avaliou o economista.
A China, por sua vez, vem adotando ações estratégicas de resposta, como restrições à exportação de terras raras — minerais essenciais à indústria de tecnologia. O país é responsável por 70% da extração mundial e 90% do processamento global desses elementos.
Trump classificou as medidas como “sinistras e hostis”, alegando que elas podem “tornar a vida difícil para praticamente todos os países do mundo”.
“Na verdade, Trump e as empresas americanas dependem das terras raras chinesas. A capacidade de negociação dos EUA nesse caso é limitada”, diz Vale.
Outro ponto de tensão é o comércio agrícola, especialmente da soja.
Para o economista, as tarifas impostas por Trump sobre insumos e equipamentos tornaram os produtores americanos menos competitivos, abrindo espaço para exportadores da América do Sul, como Brasil e Argentina.
“É natural que a China redirecione suas compras para esses países. O aumento dos custos internos e as políticas migratórias também prejudicaram a produção americana”, explicou Vale.
Com a escalada de medidas e contra-medidas, analistas preveem impactos amplos no comércio global, incluindo pressões inflacionárias e perda de confiança nos mercados emergentes.
A nova ofensiva tarifária marca um recrudescimento da rivalidade entre Washington e Pequim, num momento em que economias do mundo todo ainda enfrentam instabilidade cambial e desaceleração industrial.
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