Política / Justiça
Após virar réu, Bolsonaro abandona roteiro, ataca instituições e revive 'modo cercadinho'
Ex-presidente improvisa discurso após decisão do STF, reedita falas contra o Judiciário e tenta retomar narrativa de 2022
26/03/2025
19:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A resposta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de torná-lo réu por tentativa de golpe de Estado nesta quarta-feira (26) foi marcada por uma mudança de tom inesperada: abandonou um pronunciamento planejado e assumiu o estilo combativo que marcou sua gestão no Palácio do Planalto.
No início, Bolsonaro apareceu com papéis preparados, trechos de discursos anteriores e uma declaração visivelmente roteirizada, elaborada com seus aliados e advogados. O objetivo inicial era apresentar uma postura defensiva institucional, com foco em desqualificar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) de forma calculada.
Mas a formalidade durou pouco. O ex-presidente colocou os papéis de lado e passou a improvisar — adotando novamente o tom típico dos “cercadinhos” que fazia com apoiadores quando ocupava a Presidência. Foi nesse momento que ressurgiram os ataques contra as instituições democráticas, a Justiça Eleitoral, o STF, o TSE, as urnas eletrônicas, a imprensa e o presidente Lula.
“Os advogados estão orientando aqui a não dar mais declaração”, tentou alertar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ao tentar interromper o pai e evitar novas polêmicas.
Mesmo assim, o ex-presidente ignorou a tentativa de contenção e chegou a abrir espaço para perguntas da imprensa — o que foi prontamente impedido por Flávio, a pedido do advogado Paulo Cunha Bueno, que integra a equipe de defesa.
O improviso escancarou uma das estratégias recorrentes de Bolsonaro: transformar sua defesa institucional em um palco político para reaquecer suas bases mais radicais. Sem filtro, Bolsonaro relativizou a gravidade das acusações e tentou retomar o discurso de perseguição política, numa tentativa de reposicionar sua imagem após a derrota nas urnas e os sucessivos reveses jurídicos.
A decisão unânime da 1ª Turma do STF transformou Bolsonaro e mais sete aliados em réus por tentativa de golpe de Estado. Eles são acusados de organizar um plano para subverter a ordem democrática entre 2022 e 2023. A denúncia é baseada em depoimentos, documentos e provas colhidas nas investigações da PGR e reforçada pela delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente.
Com o recebimento da denúncia, Bolsonaro responderá a processo criminal por crimes como:
Tentativa de golpe de Estado;
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
Organização criminosa;
Dano qualificado ao patrimônio da União;
Deterioração de patrimônio tombado.
Se condenado, Bolsonaro pode pegar mais de 30 anos de prisão.
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