Política Internacional
Cúpula UE-Celac atrasa início para incluir Lula em foto oficial na Colômbia
Presidente brasileiro faz bate-volta de quase nove horas de voo e deve criticar mobilização militar dos EUA contra a Venezuela
09/11/2025
14:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A 4ª Cúpula UE-Celac (União Europeia e Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), realizada neste domingo (9) em Santa Marta, na Colômbia, teve seu início atrasado em mais de uma hora para aguardar a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um dos poucos chefes de Estado de peso confirmados no evento.
Lula decidiu participar de última hora da reunião — que havia inicialmente descartado — e realizou um bate-volta aéreo partindo de Belém (PA), onde acompanha a COP30. O presidente brasileiro voou oito horas e 55 minutos para permanecer apenas três horas e 35 minutos na cidade caribenha, fazendo um discurso de cinco minutos com críticas à mobilização militar dos Estados Unidos contra a Venezuela.
A cerimônia de abertura da cúpula, prevista para as 11h (horário de Brasília), foi adiada para incluir Lula na tradicional “foto de família”, que reúne os líderes presentes. O presidente pousou às 11h35, chegando ao local da conferência por volta das 12h.
A decisão de adiar o registro ocorreu para evitar a ausência de um dos poucos nomes de expressão política do encontro — o evento foi marcado por esvaziamento e cancelamentos de última hora de líderes europeus e latino-americanos, em meio à tensão diplomática com os EUA.
A cúpula, que discute “paz, segurança e prosperidade”, não traz menção direta aos Estados Unidos, mas Lula pretende usar o espaço para condenar o envio de navios de guerra americanos ao Caribe pelo presidente Donald Trump, que justificou a operação como combate ao tráfico de drogas venezuelano.
O governo brasileiro tem alertado para o risco de instabilidade regional, e Lula deve defender a solução pacífica de controvérsias e o respeito à soberania dos países latino-americanos.
Desde o início dos ataques, os EUA já bombardearam embarcações na costa venezuelana e no Pacífico, com ao menos 66 mortes, sem apresentar provas concretas de envolvimento com o tráfico.
A reunião contou com apenas dez governantes, entre eles o anfitrião Gustavo Petro (Colômbia), o presidente do Conselho Europeu António Costa, e os primeiros-ministros da Espanha, Pedro Sánchez, e de Portugal, Luís Montenegro.
Os principais líderes da União Europeia, como Emmanuel Macron (França), Friedrich Merz (Alemanha), Giorgia Meloni (Itália) e Ursula von der Leyen (Comissão Europeia), não compareceram.
Na América do Sul, Javier Milei (Argentina) sequer enviou representantes, e o Paraguai participou apenas por meio do vice-chanceler.
Na cúpula anterior, realizada em Bruxelas (2023), participaram quase 50 líderes, incluindo os 27 chefes de Estado e de governo da União Europeia, o que evidencia o enfraquecimento político do bloco Celac.
Mesmo com o discurso de Lula, analistas avaliam como improvável que a Celac adote uma posição unificada contra as ações militares dos EUA. A organização, que reúne 33 países da América Latina e do Caribe, enfrenta divergências internas.
Em setembro, uma tentativa de divulgar um comunicado conjunto condenando a presença militar estrangeira na região fracassou — países como Argentina, Paraguai, El Salvador e Peru se recusaram a assinar o texto, que reafirmava a América Latina como “zona de paz”.
Após o breve discurso, Lula retornará a Belém ainda neste domingo, onde segue como anfitrião da COP30, evento que reúne chefes de Estado e organismos multilaterais para debater o clima.
A viagem relâmpago reforça a estratégia do governo brasileiro de marcar presença simbólica, defendendo o diálogo e o multilateralismo em meio à crescente tensão entre Washington e Caracas.
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