Política
Eduardo Bolsonaro nos EUA enfraquece o PL e embaralha cenário da direita para 2026, avaliam aliados e adversários
Autoexílio do deputado abre espaço para novas lideranças e acirra crise interna no partido; ausência é vista como vácuo político estratégico
24/03/2025
08:56
NAOM
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A decisão do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de se licenciar do mandato e permanecer nos Estados Unidos causou forte repercussão dentro e fora do Partido Liberal (PL). Para aliados e adversários políticos, a ausência prolongada do parlamentar, anunciada na última semana, poderá enfraquecer o partido nas eleições de 2026 e abrir caminho para novas lideranças da direita fora do guarda-chuva bolsonarista.
O movimento de Eduardo, que ocorre em meio a críticas ao ministro do STF Alexandre de Moraes, é interpretado como um vácuo estratégico no campo conservador, principalmente para lideranças que ascenderam durante o bolsonarismo, mas que já flertam com outras legendas, como o União Brasil e o Novo.
Eduardo foi o segundo deputado mais votado do PL em 2022, com 741 mil votos. Sua saída repentina, sem consulta prévia à bancada, surpreendeu aliados e gerou preocupação entre dirigentes da legenda. Parlamentares afirmam que o gesto enfraquece a estrutura eleitoral do partido, especialmente num cenário em que nomes como Carla Zambelli, Capitão Derrite e Ricardo Salles não devem disputar a próxima eleição pelo PL.
Esses quatro parlamentares, somados a Eduardo, foram responsáveis por mais de 2,5 milhões de votos em 2022 — fator considerado essencial para a formação da atual bancada da sigla, com 92 deputados. A ausência de Eduardo em 2026, caso se concretize, poderá provocar um encolhimento da representação federal do PL, segundo avaliação interna.
Com o afastamento do deputado, novos nomes da direita ganham fôlego, como:
Ricardo Salles (Novo-SP), que pretende disputar o Senado
Pablo Marçal, influenciador político que negocia filiação ao União Brasil com vistas ao governo paulista
A saída de Eduardo também fragiliza a estratégia de Jair Bolsonaro, inelegível até 2030 e ameaçado de se tornar réu no STF pela acusação de envolvimento em tentativa de golpe. Segundo aliados, o ex-presidente tentou dissuadir o filho de permanecer fora do país, temendo que o gesto fosse visto como fuga.
Eduardo justificou sua saída afirmando temer ter o passaporte cassado por Moraes, após representação do PT — que foi arquivada. Nos bastidores, parlamentares de esquerda alegam que a justificativa é frágil, já que não houve nenhuma ordem judicial que impedisse sua permanência no país.
“Vai morar em Miami para não ir à sessão na Câmara? Vai ficar fazendo uma live por dia para dizer que não tem liberdade no Brasil? Isso é um tiro no pé”, criticou o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), secretário nacional de Comunicação do partido.
A avaliação entre adversários é que o gesto representa desespero do clã Bolsonaro, agravado pela baixa adesão ao ato por anistia realizado no dia 16 em Copacabana, que reuniu 30 mil pessoas — número bem inferior ao esperado.
Entre os aliados mais fiéis ao bolsonarismo, há esperança de que Eduardo consiga apoio político de Donald Trump ou de integrantes do Partido Republicano nos EUA. Um deputado lembrou que Trump elogiou Eduardo recentemente durante uma conferência conservadora, e que o governo norte-americano já manifestou críticas a decisões de Moraes que atingiram empresas dos EUA.
No entanto, sem pedido formal de asilo aprovado, Eduardo poderá permanecer nos Estados Unidos por no máximo seis meses. Caso não obtenha suporte internacional relevante, sua ausência poderá reduzir sua influência no cenário político nacional, dificultando possíveis candidaturas ao Senado ou ao governo paulista.
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