Política Nacional
Elogio às urnas eletrônicas gera crise entre Tarcísio de Freitas e ala bolsonarista
Governador de SP exaltou Justiça Eleitoral dias após participar de ato pró-Bolsonaro e irrita aliados do ex-presidente
23/03/2025
14:45
NAOM
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Uma fala do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), elogiando as urnas eletrônicas e a atuação da Justiça Eleitoral brasileira, causou forte reação entre parlamentares e apoiadores do bolsonarismo. O episódio ocorreu durante um evento oficial do Tribunal de Justiça de São Paulo, na última quinta-feira (20), em que Tarcísio participou da abertura do Colégio de Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais (Coptrel).
“O Brasil se tornou referência em velocidade de apuração e tecnologia. Muitos países têm que olhar para o que é feito aqui”, afirmou o governador.
“Temos que agradecer à Justiça Eleitoral por seu trabalho como garantidora da democracia brasileira”, completou.
As declarações foram vistas por aliados de Jair Bolsonaro (PL) como um afronta às bandeiras históricas do ex-presidente, que questiona a confiabilidade das urnas eletrônicas e defende o voto impresso auditável.
Integrantes da base bolsonarista na Assembleia Legislativa de São Paulo criticaram o gesto de Tarcísio nos bastidores, apontando incoerência com o discurso feito no ato pró-anistia, ocorrido no fim de semana anterior no Rio de Janeiro, onde o governador esteve ao lado de Bolsonaro e criticou a inelegibilidade do ex-presidente, determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Depois de endurecer o discurso para um lado, ele tenta compensar com outro gesto”, avaliou um aliado de Bolsonaro sob reserva.
Outro integrante destacou que, ao participar de um evento em deferência ao Judiciário eleitoral, Tarcísio fragiliza sua posição como possível herdeiro político do bolsonarismo para 2026.
A crise de imagem ocorre na mesma semana em que a Primeira Turma do STF deve julgar se Bolsonaro se tornará réu por tentativa de golpe de Estado. O resultado pode representar mais um passo rumo a uma eventual condenação, com possível prisão do ex-presidente.
No ato no Rio, Tarcísio havia ganhado apoio do grupo bolsonarista ao criticar a gestão Lula, os escândalos da Petrobras e mencionar o caso de Débora Rodrigues dos Santos, acusada de vandalismo no 8 de Janeiro.
“Usaram batom? Enquanto traficantes e corruptos estão soltos?”, questionou no palanque.
O discurso feito no Palácio da Justiça em São Paulo não foi publicado nas redes sociais do governador, que preferiu usar os canais oficiais para parabenizar Bolsonaro pelos seus 70 anos, com dois vídeos comemorativos.
Lideranças do campo bolsonarista, porém, afirmam que, apesar do desconforto, evitarão críticas públicas a Tarcísio. Nos bastidores, prometem cobrar novas demonstrações de lealdade — especialmente em casos emblemáticos como o julgamento de Débora Rodrigues, cuja pena de 14 anos foi defendida pelo relator Alexandre de Moraes e pelo ministro Flávio Dino.
Tarcísio afirma publicamente que não será candidato à Presidência em 2026, alegando que Bolsonaro continua sendo o nome do grupo, apesar da inelegibilidade. Internamente, porém, o governador já teria admitido que aceitaria disputar o Planalto se for convocado por Bolsonaro.
Seu nome é cogitado por líderes do centrão e da direita como alternativa viável para concorrer contra Lula ou qualquer nome do campo progressista em 2026.
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