Política
Tarifaço de Trump agrava situação de Eduardo Bolsonaro no STF, avaliam ministros e PGR
Deputado é investigado por obstrução e coação; publicações e atuação com governo americano reforçam suspeitas de interferência
13/07/2025
07:15
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
O anúncio da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros feita pelo presidente dos EUA, Donald Trump, pode ter efeitos políticos e jurídicos mais significativos para Eduardo Bolsonaro (PL-SP) do que para seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A avaliação é compartilhada por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) e advogados próximos aos processos.
Enquanto o julgamento de Bolsonaro já segue um curso definido, o caso de Eduardo ganha novos elementos com a atuação direta do deputado federal licenciado junto a autoridades americanas, o que pode configurar tentativa de obstrução de investigações, coação e até abolição violenta do Estado democrático de Direito.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, prorrogou o inquérito por mais 60 dias na semana passada, autorizando a continuidade das diligências da Polícia Federal. A PGR, sob comando de Paulo Gonet, afirmou que Eduardo pode ter cometido crimes ao dialogar com autoridades estrangeiras contra membros do STF, da PGR e da Polícia Federal.
As investigações se intensificaram após declarações públicas e postagens nas redes sociais de Eduardo, nas quais ele relaciona a decisão de Trump a uma suposta “perseguição judicial” a seu pai no Brasil. O parlamentar também teria sugerido que as tarifas só seriam negociadas com a aprovação de uma “anistia ampla, geral e irrestrita” para os envolvidos na trama golpista de 8 de janeiro.
No mesmo dia do anúncio da tarifa, Eduardo divulgou uma carta assinada em conjunto com Paulo Figueiredo, também réu em investigação golpista, na qual afirma que o tarifaço “confirma o sucesso” de sua atuação diplomática com integrantes do governo Trump. A carta ainda acusa o ministro Alexandre de Moraes de violar direitos humanos e censurar empresas americanas.
Em outra publicação recente, o deputado afirmou que a retaliação americana poderá incluir sanções diretas a Moraes e vinculou o andamento das relações comerciais à libertação dos presos do 8 de janeiro.
Um vídeo publicado por Eduardo no X (antigo Twitter) foi incorporado por Moraes ao processo como evidência de que ele segue interferindo diretamente na investigação. A PF já questionou Jair Bolsonaro sobre os meios de sustento do filho nos EUA, se o PL faz repasses a ele e quais são seus interlocutores com o governo Trump.
A repercussão do tarifaço levou o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, a entrar em contato com o presidente Lula e com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Ambos defenderam uma resposta institucional via diplomacia, afastando a escalada da tensão com os EUA.
Apesar da repercussão da carta e das declarações de Trump em defesa de Bolsonaro, ministros do STF consideram que o julgamento do ex-presidente seguirá seu curso. A expectativa é de que a Primeira Turma julgue o caso central da trama golpista ainda em 2025, antes da entrada no ciclo eleitoral de 2026.
Alguns ministros ouvidos sob reserva consideram que o apoio de Trump pode até agravar a percepção negativa sobre Bolsonaro, mas não altera, por si só, o cronograma jurídico.
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