Campo Grande (MS), Sexta-feira, 11 de Julho de 2025

Economia / Agronegócio

Agro e indústria de MS entre os alvos da tarifa de Trump: exportações e empregos em risco

Medida dos EUA ameaça cadeias produtivas de Mato Grosso do Sul e gera reação de lideranças econômicas e institucionais

11/07/2025

08:30

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

A tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, gerou forte reação em Mato Grosso do Sul, um dos estados mais afetados pela medida. Com exportações de US$ 669,5 milhões em 2024 — mais de R$ 3 bilhões —, o Estado tem nos EUA um de seus principais mercados, especialmente nos setores de carne bovina, celulose, sebo bovino e produtos florestais.

O setor produtivo vê a tarifa como retaliação política e alerta para prejuízos bilionários. A decisão de Trump foi oficializada em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na qual o republicano critica o STF, o protagonismo do Brasil no BRICS e acusa o país de ameaçar os interesses estratégicos dos EUA com sua política de desdolarização.

“A medida representa um grave impacto econômico e uma ingerência nos assuntos internos de um Estado soberano”, disse o advogado tributarista Arcênio Rodrigues.

Impacto direto no agro e na indústria sul-mato-grossense

Segundo a Famasul, a tarifa compromete a competitividade das exportações e aumenta o custo dos insumos importados. O presidente da entidade, Marcelo Bertoni, destacou que somente em 2024, MS exportou 785 mil toneladas em produtos para os EUA, sendo:

  • Carne bovina: US$ 235,4 milhões

  • Celulose: US$ 213,4 milhões

  • Sebo bovino: US$ 46,1 milhões

“O mercado americano é essencial para a nossa economia. A taxação compromete empregos e desestrutura cadeias produtivas locais”, afirmou Bertoni.

A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campo Grande também alertou para o efeito cascata no varejo. “O impacto chega ao consumidor, que já enfrenta altos níveis de endividamento”, avaliou o presidente da CDL, Adelaido Vila.

Risco de recessão e desequilíbrio comercial

Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que a tarifa pode provocar:

  • Redução das receitas cambiais

  • Perda de competitividade no mercado norte-americano

  • Risco de retração no emprego industrial e agropecuário

  • Elevação do risco-país e queda nos investimentos estrangeiros diretos

Além disso, há temor de inflação no Brasil, puxada pela alta do dólar, que se intensificou após o anúncio da tarifa.

Reação institucional: Amcham e pressão por diálogo

A Amcham Brasil, que representa empresas brasileiras e norte-americanas em 13 estados, emitiu nota afirmando “profunda preocupação” com os impactos da medida:

“A relação bilateral é baseada na confiança e tem gerado benefícios concretos para ambos os lados. Em 2024, os EUA tiveram superávit de US$ 29,2 bilhões com o Brasil”, destacou a entidade.

A Amcham defende “retomada urgente de diálogo construtivo” entre os governos, com foco em “racionalidade, previsibilidade e estabilidade”.

As trocas comerciais entre Brasil e EUA

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC):

Produtos que o Brasil exporta para os EUA:

  • Petróleo bruto

  • Ferro ou aço semimanufaturado

  • Café em grão

  • Celulose

  • Aeronaves

  • Carne bovina

  • Suco de laranja

Produtos que o Brasil importa dos EUA:

  • Componentes de aviões (como turborreatores)

  • Gás natural liquefeito

  • Petróleo bruto

  • Óleo diesel

  • Naftas para petroquímica

  • Carvão betuminoso

A consultoria Nexus destacou que mais de 50% das naftas e 85% dos turborreatores importados pelo Brasil vêm dos EUA. Isso indica que retaliações tarifárias brasileiras também podem gerar forte impacto na balança comercial bilateral.


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