Política / Câmara Federal
Câmara decide suspender Glauber Braga por seis meses e evita cassação do mandato
Por apenas seis votos de diferença, deputados aprovaram punição mais branda antes de analisar a perda definitiva do mandato
10/12/2025
21:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A Câmara dos Deputados decidiu, nesta quarta-feira (10), aplicar uma suspensão de seis meses ao deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), evitando, por ora, a cassação de seu mandato. A punição diz respeito à agressão cometida pelo parlamentar contra um militante do MBL (Movimento Brasil Livre), episódio em que Glauber desferiu um chute no ativista.
A votação foi apertada: por 226 votos a 220, apenas seis votos de diferença, os deputados aprovaram que a Casa analisasse antes a possibilidade de uma punição menor, postergando a deliberação sobre a cassação. Em seguida, a suspensão foi confirmada por 318 a 141.
A decisão ocorre um dia após Glauber ter sido retirado à força do plenário pela polícia legislativa, depois de ocupar a Mesa Diretora em protesto contra a inclusão de seu processo de cassação na pauta do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Glauber foi representado no Conselho de Ética pela agressão ao militante do MBL. O deputado alegou que reagiu após o ativista ofender sua mãe, que estava em estado avançado de Alzheimer e faleceu dias depois. O Conselho recomendou a cassação em abril, e o caso chegou ao plenário nesta semana.
Partidos de esquerda reconheceram que a agressão foi um erro, mas argumentaram que não justificaria a cassação. O gesto repentino de apoio desses partidos permitiu ao deputado evitar a pena mais grave e também escapar da inelegibilidade — consequência automática da perda do mandato.
Na terça-feira (9), a resistência de Glauber à ordem de deixar a Mesa Diretora provocou confusão. A sessão foi suspensa, a transmissão interrompida e a polícia legislativa acionada. Vídeos divulgados por deputados mostram agentes retirando Glauber do assento presidencial.
A situação se agravou nos corredores, com empurra-empurra envolvendo parlamentares, policiais e jornalistas.
Glauber afirmou que sua ocupação foi um ato político:
“A minha presença na Mesa foi para demonstrar que não podemos nos render. Do que me acusam? De defender a honra da minha mãe, denunciar o orçamento secreto e enfrentar Arthur Lira. Isso não é motivo para cassação”, disse.
Ele também declarou:
“Para defender a minha família, sou capaz de muito mais que um chute na bunda.”
O deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP), liderança do MBL, rebateu dizendo que o discurso de Glauber foi “teatro”.
A suspensão foi interpretada nos bastidores como um gesto para reduzir tensões na Casa. A ocupação da Mesa por Glauber havia sido comparada, por adversários, às ações de bolsonaristas em agosto, quando houve invasão da diretoria da Câmara — comparação criticada por aliados do deputado.
Segundo Glauber, a decisão de Hugo Motta de pautar seu caso junto ao de Carla Zambelli (PL-SP) foi uma tentativa de criar uma “falsa simetria”, já que a deputada foi condenada pelo STF.
Hugo Motta indicou que pretende votar, ainda em dezembro, as situações de:
Glauber Braga (PSOL-RJ) – agora suspenso
Carla Zambelli (PL-SP) – com parecer da CCJ pela cassação
Alexandre Ramagem (PL-RJ) – também réu no STF
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