Política Internacional
China critica tarifa de Trump ao Brasil e acusa EUA de “coerção” e “intimidação”
Pequim reage à crise entre Washington e Brasília e defende soberania brasileira diante de sanções unilaterais
11/07/2025
10:15
DA REDAÇÃO
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, durante entrevista em que criticou a tarifa de 50% aplicada pelos EUA a produtos do Brasil, em Pequim, em 11 de julho de 2025
A China se manifestou nesta sexta-feira (11) contra a nova tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às exportações brasileiras. Em coletiva de imprensa, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, criticou duramente a medida, classificando-a como uma forma de coerção e interferência em assuntos internos de outro país.
“Tarifas não deveriam ser uma ferramenta de coerção, intimidação ou interferência”, afirmou Mao, ao comentar o tarifaço imposto por Trump ao Brasil.
A porta-voz ressaltou que a medida viola os princípios fundamentais da Carta da ONU, como a igualdade de soberania e a não-intervenção em assuntos domésticos, e disse que a China acompanhará com atenção os desdobramentos da crise entre Estados Unidos e Brasil.
Essa foi a primeira declaração oficial da China desde o anúncio da tarifa por Trump, feito por meio de uma carta pública ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última quarta-feira (9). A nova taxa deve entrar em vigor em 1º de agosto e se aplica a todas as exportações brasileiras para os EUA.
O posicionamento de Pequim surge no contexto da cúpula do Brics, realizada dias antes no Rio de Janeiro, da qual o Brasil e a China fazem parte. Trump, crítico do bloco, chegou a ameaçar aplicar tarifas de 10% a todos os países membros do Brics, acusando-os de tentar minar a economia americana e enfraquecer o dólar como moeda global.
“Se eles quiserem jogar esse jogo, tudo bem. Mas eu também sei jogar”, disse Trump ao justificar novas retaliações ao grupo.
A manifestação da China também resgata o histórico de guerras comerciais entre Pequim e Washington. No início do ano, os EUA impuseram tarifas de até 145% sobre produtos chineses, que foram respondidas com retaliações do governo de Xi Jinping. Após uma escalada, ambos os países firmaram um acordo em maio que reduziu parcialmente os impostos.
A tarifa de Trump ao Brasil foi justificada como resposta ao que o republicano chamou de "caça às bruxas" contra Jair Bolsonaro (PL) e de ataques à liberdade de expressão por parte do STF. Trump afirmou que as ações da Justiça brasileira contra o ex-presidente são uma "vergonha internacional" e acusou o governo Lula de violar princípios democráticos — afirmações que não têm respaldo legal nem apoio internacional.
O presidente Lula reagiu firmemente:
“O Brasil não aceitará ser tutelado por ninguém”, declarou o petista, destacando que os julgamentos referentes ao 8 de Janeiro são de competência exclusiva do STF. Lula também anunciou que a resposta será baseada na Lei de Reciprocidade Econômica e comunicou à embaixada dos EUA que pretende devolver a carta de Trump.
Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que o Brasil tem déficits comerciais com os EUA desde 2009, acumulando perdas de mais de US$ 90 bilhões, o que desmente a alegação de Trump sobre desequilíbrio favorável ao Brasil.
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