Política
Marina Silva reage a novos ataques no Congresso: “O desrespeito é a única coisa que alguns sabem oferecer”
Ministra do Meio Ambiente volta a ser alvo de insultos durante audiência na Câmara e afirma estar em paz: “É melhor sofrer uma injustiça do que praticá-la”
02/07/2025
18:00
DA REDAÇÃO
Ministra participou de audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. — Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), voltou a ser alvo de insultos e declarações ofensivas durante uma audiência pública realizada nesta quarta-feira (2) na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. Convocada para prestar esclarecimentos sobre desmatamento e queimadas, a ministra afirmou após o encontro que “o desrespeito é, às vezes, a única coisa que pessoas que não conhecem o respeito são capazes de oferecer”.
“Todos nós que não defendemos uma agenda autoritária, negacionista e que não reconhece a mudança do clima, somos desrespeitados”, declarou Marina, durante entrevista coletiva após a sessão.
Durante a audiência, o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), autor do requerimento de convocação, chamou Marina de “adestrada”, “mal-educada” e afirmou que ela “nunca trabalhou” e “tem discurso alinhado com ONGs internacionais”.
“A senhora tem dificuldades com o agronegócio, porque nunca produziu, não sabe o que é prosperidade construída pelo trabalho. Todo mundo sabe que a senhora tem discurso alinhado com essas ONGs internacionais”, disse Evair de Melo.
Outros parlamentares da bancada ruralista também atacaram a ministra:
Zé Trovão (PL-SC): “Marina é uma vergonha como ministra”.
Capitão Alberto Neto (PL-AM): sugeriu que ela deveria “pedir demissão”.
Em resposta às críticas, a ministra disse que enfrentou a sessão em paz após fazer uma longa oração antes da audiência. Ela ainda rebateu as falas sobre aumento no desmatamento, dizendo que os incêndios têm relação direta com mudanças climáticas globais.
“Qualquer pessoa que não seja negacionista sabe que seca, baixa precipitação, alta temperatura e perda de umidade potencializam incêndios em todos os níveis.”
Durante sua fala, Marina afirmou:
“Aprendi que é melhor sofrer uma injustiça do que praticá-la.”
Esta não foi a primeira vez que Marina foi alvo de ataques no Congresso. Em maio, durante audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, a ministra abandonou a sessão após o senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmar que respeitava Marina como mulher, mas não como ministra.
“Ou ele me pede desculpas ou eu vou me retirar”, declarou Marina na ocasião. Diante da recusa do senador, a ministra deixou a sessão.
Antes disso, o presidente da comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), cortou o microfone da ministra diversas vezes e, em tom irônico, disse:
“Se ponha no seu lugar, ministra”, provocando novo tumulto. Marina rebateu:
“O senhor gostaria que eu fosse uma mulher submissa. E eu não sou.”
As sessões refletem o embate político e ideológico entre o governo federal e parlamentares ligados ao agronegócio, especialmente em temas como regulação ambiental, desmatamento e políticas climáticas. Marina Silva é uma das figuras mais visadas por representantes da bancada ruralista, que a acusam de travar o setor produtivo com normas ambientais rígidas.
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