Política / Segurança Pública
Câmara dos Deputados aprova Projeto Antifacção para endurecer o combate ao crime organizado
Texto prevê penas de até 40 anos, regras especiais para líderes de facções e ampliação dos instrumentos de investigação; governo critica relatoria e teme perda de recursos para a PF
18/11/2025
21:11
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (18), por 370 votos a 110, o chamado Projeto Antifacção, enviado pelo governo federal ao Congresso e considerado uma das iniciativas legislativas mais duras já debatidas pela Casa no enfrentamento ao crime organizado. Após a aprovação do texto-base, os deputados passaram a votar os destaques, com propostas de mudanças em trechos específicos.
A relatoria ficou a cargo do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), ex-secretário de Segurança Pública do governo de São Paulo, designação que gerou desconforto no Palácio do Planalto — que preferia manter o projeto sob coordenação de parlamentares alinhados à base.
O texto aprovado endurece penalidades, cria novos tipos penais e amplia mecanismos de investigação e de repressão às organizações criminosas, milícias privadas e grupos paramilitares.
Entre os principais pontos, estão:
Penas de 20 a 40 anos para crimes praticados por “organizações criminosas ultraviolentas”, conceito criado pelo projeto.
Aumento de pena para ações cometidas com violência ou grave ameaça.
Internação obrigatória em presídios federais de segurança máxima.
Objetivo: interromper comunicação ilícita e reduzir o poder de comando exercido de dentro das prisões.
Novos patamares de progressão, que podem chegar a:
70%,
75%,
80%,
85% da pena, dependendo da gravidade.
O texto tipifica condutas como:
novo cangaço,
domínio territorial,
ataques com explosivos, armas pesadas, drones e artefatos de guerra.
Também inclui o garimpo ilegal como circunstância agravante.
Bloqueio e alienação antecipada de bens, veículos, imóveis, contas bancárias e criptoativos.
Possibilidade de intervenção judicial em empresas utilizadas por organizações criminosas.
Monitoramento audiovisual de parlatórios, inclusive no contato com advogados, em situações excepcionais.
A tramitação foi marcada por tensão entre governo e oposição. O Planalto criticou a escolha de Derrite como relator e reclamou que versões iniciais do texto mexiam nas atribuições da Polícia Federal, o que poderia reduzir a autonomia da corporação — pontos que foram retirados na versão final.
A oposição tentou, na votação de destaques, equiparar facções criminosas a grupos terroristas.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se posicionou contra e rejeitou o destaque.
Líderes governistas afirmam que o projeto, na forma atual, “descapitaliza a União e a Polícia Federal”, especialmente na divisão dos bens apreendidos ou confiscados de facções criminosas.
O relator atendeu parcialmente ao pedido do governo e reforçou o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), mas a regra para divisão de valores quando há ações conjuntas entre PF e órgãos estaduais foi mantida — reduzindo o fluxo de recursos para fundos federais, como o:
Funad (Fundo Nacional Antidrogas)
e outros instrumentos estratégicos da União.
Para tentar reverter o cenário, o PT apresentou destaque que busca retornar ao texto original enviado pelo governo, garantindo maior participação da União no destino dos valores.
Ausência de menção explícita a “facções criminosas” — o governo quer incluir o termo em uma votação futura.
Tentativa inicial do relator de equiparar facções a terrorismo.
Mudanças estruturais na PF, posteriormente removidas.
Regras de rateio de bens apreendidos, consideradas prejudiciais ao financiamento da segurança federal.
Penas de até 40 anos para crimes de organizações ultraviolentas.
Conceitos inéditos: novo cangaço, domínio territorial, ataque armado com drones.
Presídios federais obrigatórios para lideranças.
Monitoramento audiovisual reforçado.
Confisco e alienação antecipada de bens e criptoativos.
Intervenção judicial em empresas ligadas a facções.
O Projeto Antifacção marca uma das mais profundas mudanças legais no enfrentamento ao crime organizado desde a Lei das Organizações Criminosas (Lei 12.850/2013). Enquanto a oposição comemorou o endurecimento das medidas, o governo argumenta que o texto ainda precisa de ajustes para evitar riscos institucionais e perdas para a PF.
A proposta segue agora para análise no Senado Federal, onde poderá sofrer alterações.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Mega-Sena, concurso 2.941: veja o resultado desta terça-feira (18)
Leia Mais
Bofetada II! Mudanças silenciosas no Simples devem excluir milhares do regime em 2026
Leia Mais
Senadores são criticados por ‘visita técnica’ à Papuda: “vexame”
Leia Mais
“Merz deveria ter ido num buteco, ter dançado no Pará”, diz Lula após críticas do premiê alemão
Municípios