Campo Grande (MS), Domingo, 29 de Junho de 2025

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Junte tesouro que não se corrói!

29/06/2025

08:15

WILSON AQUINO

WILSON AQUINO*

A luta do indivíduo para se especializar profissionalmente, conquistar espaço no mercado e sustentar dignamente a si e à sua família faz parte do grandioso Plano de Deus para Seus filhos na Terra. O Senhor, em Sua infinita sabedoria, concedeu a cada um talentos e habilidades dons divinos para que, com esforço, fé e integridade, cada pessoa possa desenvolver-se, servir ao próximo e ser um instrumento de bem no mundo.

Contudo, à medida que avançamos nesse caminho de progresso, é preciso lembrar que a verdadeira medida do sucesso não está na quantidade de bens acumulados, mas no uso nobre que se faz deles. A obsessão pelo acúmulo de riquezas, o desejo insaciável por lucros a qualquer custo e o desprezo pelos princípios éticos e morais no trato com o próximo são sinais de que o coração está voltado aos tesouros terrenos frágeis, efêmeros e, muitas vezes, corrompidos pela injustiça.

Jesus foi claro ao ensinar: “Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões arrombam e furtam; mas ajuntai para vós tesouros no céu” (Mateus 6:19-20). Ou seja, o valor eterno da vida está nos tesouros espirituais — na caridade, na justiça, no amor ao próximo, na integridade e na obediência a Deus.

O lucro em si não é pecado. O problema está na forma como ele é conquistado e no que se faz com ele. Há quem enriqueça explorando o trabalho alheio, pagando salários ínfimos, embora “legais”, e se esqueça de que a moral muitas vezes exige mais do que a letra fria da lei. É moral pagar o mínimo a quem produz tanto? É justo reter lucros enquanto o colaborador mal consegue sustentar sua família? Deus, que tudo vê, conhece a intenção do coração e julga com justiça.

A própria experiência humana confirma: muitos que se embriagam com o sucesso material acabam, mais tarde, despertando para um amargo arrependimento por perceberem que acumularam bens, mas não valores; multiplicaram cifrões, mas não virtudes. Felizes, portanto, são aqueles que desde cedo agem com retidão: que não trapaceiam, que honram seus compromissos, que valorizam o esforço do outro e pagam o que é moralmente justo.

A história está repleta de homens que conquistaram impérios, acumularam fortunas imensas e exerceram grande poder, mas que partiram desta vida sem poder levar sequer uma moeda. A vida é breve, e a morte, certa. Como disse o sábio Salomão: “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade” (Eclesiastes 1:2). O que realmente permanece é aquilo que se faz por amor, por justiça e por fé. Por isso, o homem prudente investe não só no que é perecível, mas principalmente no que tem valor eterno.

Deus não condena a prosperidade, mas ensina que ela deve vir acompanhada de responsabilidade moral e espiritual. No evangelho, aprendemos o princípio da “mordomia cristã”: tudo o que temos bens, tempo, conhecimento e influência é uma dádiva de Deus, e Ele espera que administremos esses recursos com sabedoria e generosidade. Disse o Salvador: “A quem muito é dado, muito será exigido” (Lucas 12:48). O que fazemos com aquilo que nos foi confiado é o que realmente define a nossa grandeza aos olhos do Senhor.

Aqueles que vivem com retidão, que não oprimem o próximo, que compartilham o pão e que têm o coração desprendido das riquezas, são os que mais agradam a Deus. Não apenas recebem paz interior e respeito verdadeiro, mas também colhem frutos materiais com mais serenidade e equilíbrio. O Senhor prometeu: “Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares” (Provérbios 3:9-10). A prosperidade que vem com retidão é sempre acompanhada de alegria duradoura.

Diz o Senhor, por meio do profeta Miquéias: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus?” (Miquéias 6:8). A prática da justiça começa no cotidiano: no salário que se paga, na transparência das negociações, no respeito à dignidade humana.

Um poderoso exemplo de conversão moral e espiritual no mundo dos negócios está no testemunho de Andreas Widmer, ex-segurança pessoal do Papa João Paulo II. Ao deixar o serviço no Vaticano para empreender, ouviu do Papa uma frase que moldaria sua vida: “O homem vale pelo que é, não pelo que possui.” Inspirado por esse ensinamento, Widmer escreveu o livro “O Papa e o Executivo”, em que compartilha outra poderosa lição do Santo Padre: “Os lucros ajudam um empreendimento a funcionar, mas não são o objetivo final. O objetivo final é ajudar as pessoas, pois se não fossem as pessoas, nós nem sequer estaríamos fazendo negócios.”

Essa visão humanizada e espiritual dos negócios não apenas é compatível com a fé cristã, como é necessária para a construção de uma sociedade mais justa e solidária, mesmo em um sistema capitalista. Quando somos honestos, generosos e justos, abrimos portas para que outros também cresçam, invistam em educação, cuidem da saúde, melhorem suas casas e ofereçam dignidade às suas famílias. Multiplicamos, assim, não só o pão, mas também a esperança.

E, como resultado dessa retidão, o homem se aproxima mais de Deus. Sente a mão d’Ele em seus negócios, em suas decisões, em sua vida pessoal. Há paz no coração e bênçãos no caminho. Pois “os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos à sua oração” (1 Pedro 3:12).

Que sejamos, portanto, sábios em nossos empreendimentos, generosos com os que nos servem e fiéis ao que é moral e eterno. Que nossos maiores tesouros sejam invisíveis ao mundo, mas gloriosos aos olhos de Deus porque esses, sim, jamais se corromperão.


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