A promessa do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de conceder indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como seu primeiro ato caso seja eleito à Presidência em 2026, provocou forte reação política e abriu espaço para críticas tanto da oposição quanto de aliados do bolsonarismo.

“Na hora. Primeiro ato. Porque eu acho que tudo isso que está acontecendo é absolutamente desarrazoado”, afirmou Tarcísio na sexta-feira (29), ao ser questionado sobre a possibilidade de indultar Bolsonaro.

Repercussão da promessa

• Esquerda: dirigentes do PT e do PSOL classificaram a fala como afronta à opinião pública e admissão indireta de culpa do ex-presidente.

  • Paula Coradi (PSOL): “Declarações como essa revelam seu objetivo de se consolidar como candidato do bolsonarismo, custe o que custar. A fachada de moderado desmorona.”

  • Antônio Donato (PT): “Quanto mais subserviente a Bolsonaro, mais Tarcísio se apequena.”

• Governo Lula: ministros também reagiram.

  • Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais): “Ao anunciar que seu primeiro ato seria indultar Bolsonaro, Tarcísio confirma que seu chefe é culpado e que não respeitam o estado de direito.”

  • Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário): classificou a fala como “mais um pedágio pago à família Bolsonaro”.

Impacto eleitoral

Pesquisa Datafolha mostrou que 61% dos brasileiros não votariam em um candidato que prometesse livrar Bolsonaro de punições ligadas à trama golpista. O gesto de Tarcísio, avaliam analistas, pode desgastar sua imagem junto ao eleitorado de centro, crucial em uma eventual disputa presidencial.

Racha no bolsonarismo

Embora negue publicamente a candidatura, Tarcísio é tratado como presidenciável por empresários e partidos de direita e centro-direita. Nos bastidores, já admitiu a possibilidade de indultar Bolsonaro se eleito, mas sua ascensão incomoda figuras próximas ao ex-presidente.

Em mensagens apreendidas pela Polícia Federal, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou Tarcísio e disse ao pai: “Tarcísio nunca te ajudou em nada no STF. Ele está se aquecendo para 2026”. Eduardo busca se consolidar como herdeiro político da direita na ausência de Jair Bolsonaro, atualmente inelegível, em prisão domiciliar e prestes a ser julgado no STF.

Contexto

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) já havia declarado em junho que qualquer presidenciável interessado no apoio do pai deveria não apenas prometer indulto, mas também “brigar com o STF, se necessário”. A fala de Tarcísio, nesse cenário, acirra a disputa pela liderança do campo bolsonarista e pode inflamar setores mais radicais, que resistem em aceitá-lo como sucessor político de Bolsonaro.