Internacional / Fato ou Fake
É fake: Brasil não vendeu urânio ao Irã, confirma governo e órgãos internacionais
Post com mais de 4,8 milhões de visualizações espalhou desinformação em meio a tensão no Oriente Médio; Brasil reafirma compromisso com uso pacífico da energia nuclear
21/06/2025
23:15
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Circula nas redes sociais uma informação falsa de que o Brasil teria fornecido urânio ao Irã. A postagem enganosa, feita no X (antigo Twitter) no último domingo (15), viralizou e ultrapassou 4,8 milhões de visualizações em dois dias, gerando polêmica e desinformação no contexto do conflito entre Irã e Israel.
“Rapaz, se for verdade esse boato que o Brasil forneceu urânio para o Irã… a m* será merecidamente gigantesca”, diz um dos posts que ajudaram a disseminar o boato.
O conteúdo ganhou força nas redes após o recente confronto que culminou no ataque de Israel a instalações militares e nucleares iranianas, seguido de uma retaliação do Irã, que lançou mísseis contra território israelense.
Em nota oficial publicada nesta terça-feira (17), a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República foi categórica:
“O Brasil não vende urânio para uso bélico. Diferentemente do que tem sido alegado em postagens que viralizaram, a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) não tem qualquer negócio com o Irã ou jamais teve.”
A INB, empresa pública vinculada ao governo federal, é a única autorizada a extrair, processar e comercializar urânio no Brasil. A Constituição Federal determina que toda a cadeia do setor nuclear — incluindo pesquisa, lavra, enriquecimento, industrialização e comércio — é monopólio da União, não podendo ser realizada por empresas privadas.
Segundo a nota enviada pela Secretaria de Comunicação Social ao portal de checagem Fato ou Fake, a única venda internacional de urânio realizada pelo Brasil foi destinada à Argentina, exclusivamente para geração de energia elétrica, dentro dos marcos legais, com autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e acompanhamento da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC).
A própria ABACC confirmou, em nota, que “não há nenhum registro desde 1992 de exportação de urânio do Brasil para o Irã”.
O Ministério de Minas e Energia (MME) reforçou que o país é signatário de diversos tratados internacionais de controle nuclear, como o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e acordos de salvaguardas com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
“Toda a produção nacional é utilizada para abastecer as usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2, no Rio de Janeiro. Não há qualquer negociação, contrato ou exportação de urânio para o Irã”, informou o MME em nota.
Especialistas alertam que informações falsas envolvendo temas sensíveis como energia nuclear e conflitos internacionais podem gerar pânico, desinformação e até impactar relações diplomáticas.
O governo brasileiro reiterou que mantém sua posição histórica de utilizar a energia nuclear exclusivamente para fins pacíficos, voltados à geração de energia, saúde, agricultura e pesquisa científica.
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