As eleições municipais de 2024 registraram a maior taxa de reeleição já vista no Brasil desde que essa possibilidade foi implementada, em 1997, permitindo que prefeitos buscassem um segundo mandato consecutivo. De acordo com um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), 81% dos candidatos que tentaram a reeleição neste pleito obtiveram êxito. Em outras palavras, a cada dez prefeitos que buscaram um novo mandato, oito conseguiram se manter no cargo.

Reeleição em números

Dos 3.006 prefeitos que se candidataram à reeleição, 2.444 já foram confirmados como reeleitos, com a possibilidade de esse número chegar a 2.474 após o julgamento de casos pendentes na Justiça Eleitoral. Este percentual de reeleição supera significativamente a média histórica, que sempre esteve em torno de 60%, exceto em 2016, ano marcado por uma crise política e econômica que fez a taxa de reeleição cair para 49%. Quando se analisa o total de candidatos eleitos, incluindo aqueles que não concorreram à reeleição, o índice de prefeitos reeleitos foi de 44%.

Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, o resultado sugere que, em 2024, os eleitores preferiram manter os gestores atuais, indicando um desejo de continuidade nas administrações municipais. “A queda de candidaturas aliada à alta taxa de reeleição sugere que a população não optou por mudanças significativas no comando das cidades”, avaliou Ziulkoski.

Panorama nacional e disputas de segundo turno

O estudo da CNM revela que, até o momento, 5.471 prefeitos foram eleitos no primeiro turno, com 46 eleitos sub judice (aguardando a decisão judicial sobre a validade de suas candidaturas). Além disso, 52 disputas de segundo turno ainda estão em andamento, incluindo municípios de maior porte, como Campo Grande (MS) e São Paulo (SP).

Resultados por partidos políticos

A análise dos resultados mostra uma forte relação entre a quantidade de prefeitos eleitos em um Estado e o partido do governador. Em 16 unidades da federação, o partido que elegeu o maior número de prefeitos coincide com o partido do líder do Executivo estadual. O PSD liderou entre os partidos, conquistando 878 prefeituras, o que corresponde a 16% do total, seguido por MDB (15%), PP (14%), UNIÃO (11%) e PL (9%).

Em contraste, partidos de centro-esquerda como PDT e PT apresentaram uma baixa taxa de sucesso nas urnas. O PDT teve 25% de sucesso em 604 candidaturas, enquanto o PT alcançou 18% em 1.352 candidaturas. Já o PSOL, que possui duas candidaturas em segundo turno em Petrópolis/RJ e São Paulo/SP, ainda não garantiu nenhuma prefeitura no primeiro turno.

Representatividade feminina e disputas enxutas

A CNM também destacou que as eleições de 2024 foram marcadas por um aumento nas disputas mais enxutas: 55% dos municípios contaram com apenas dois candidatos na corrida eleitoral, e 223 cidades tiveram candidaturas únicas. A representatividade feminina também avançou, com 724 mulheres já eleitas para prefeituras, número que pode subir para 742 após os julgamentos pendentes e os resultados do segundo turno. Embora o número represente um avanço, ainda está distante da representatividade de 52% do eleitorado feminino no Brasil.