POLÍTICA
Pesquisas eleitorais podem influenciar voto útil, aponta cientista político
Especialista explica que pesquisas ajudam eleitores a tomarem decisões informadas, sem necessariamente determinar o resultado das eleições
23/09/2024
17:00
ACN
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Na reta final da campanha eleitoral, as pesquisas de intenção de voto dominam o noticiário, fornecendo informações valiosas tanto para os candidatos quanto para os eleitores. O cientista político Geraldo Tadeu Monteiro destaca que as pesquisas podem influenciar a decisão do eleitor, mas não determinam seu voto. Segundo ele, há tanto o voto útil, quando o eleitor escolhe apoiar um candidato com maior chance de vitória, quanto o voto de veto, quando o objetivo é evitar a eleição de um adversário.
“A pesquisa não determina, ela influencia, assim como qualquer outra fonte de informação”, esclarece Monteiro. O cientista político também ressalta que os resultados das pesquisas fazem parte de um conjunto de dados utilizados pelos eleitores para decidir, especialmente aqueles que desejam votar no candidato que está na liderança ou acreditam que o voto útil é mais vantajoso para sua preferência política.
Monteiro refuta a ideia de que o brasileiro tende a votar no “cavalo que está ganhando”. De acordo com suas pesquisas, apenas 5% dos eleitores podem mudar de voto ao descobrir que seu candidato não tem chances de vencer, enquanto 95% mantêm sua escolha até o fim.
O cientista político também aborda a diferença entre pesquisas espontâneas e estimuladas. Na espontânea, o eleitor menciona o nome do candidato sem ser influenciado, o que, segundo Monteiro, indica um grau de consolidação maior da escolha. Já nas pesquisas estimuladas, quando os nomes dos candidatos são apresentados, os resultados podem ser diferentes. Ele exemplifica: “Na pesquisa espontânea, 56% das mulheres estavam indecisas sobre o candidato a presidente, mas na pesquisa estimulada, esse número cai para 7%.”
As pesquisas eleitorais no Brasil são rigorosamente controladas pela Justiça Eleitoral, que exige o registro de ponderações por idade, sexo e local de residência. “Os resultados são apresentados por regiões e grupos demográficos, como Sudeste, Sul, Centro-Oeste, além de recortes de gênero e idade, baseados em dados do TSE e do IBGE”, explica Monteiro.
Esses recortes são fundamentais para os candidatos, que adaptam suas campanhas de acordo com as tendências demográficas apresentadas nas pesquisas.
A pesquisa Datafolha, divulgada no dia 11 de setembro, apontou as áreas de maior preocupação para os eleitores em relação ao próximo presidente. A saúde lidera com 40%, seguida por educação, violência e desemprego. A corrupção, embora considerada um dos principais problemas do país, foi mencionada por apenas 2% dos eleitores como prioridade.
No Congresso, a divulgação de pesquisas eleitorais é um tema de debate contínuo. Propostas como o PL 2/15, do deputado Ricardo Barros (PP-PR), sugerem que as pesquisas só possam ser divulgadas até 15 dias antes da eleição, argumentando que elas podem prejudicar candidatos que não conseguem contestar seus resultados a tempo. Já o PL 96/11, do deputado Rubens Bueno (PPS-PR), visa aumentar as punições para institutos de pesquisa envolvidos em fraudes.
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