Política / Eleições 2026
PL aposta em “Bolsonaro de papelão” para 2026, mas conflitos internos expõem falta de comando no bolsonarismo
Representações do ex-presidente, inclusive por IA, devem ser usadas na campanha; desentendimentos entre Michelle, aliados regionais e os filhos revelam crise de liderança após prisão de Bolsonaro
01/12/2025
14:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O PL estuda novas estratégias para manter vivo o capital eleitoral de Jair Bolsonaro nas eleições de 2026, incluindo o uso de bonecos de papelão e até imagens geradas por Inteligência Artificial para substituir a presença física do ex-presidente, preso desde novembro por tentativa de golpe.
A reprodução em papelão, que já aparece em vigílias e atos pró-Bolsonaro, tornou-se símbolo da tentativa do partido de simular a presença do líder. Entretanto, na articulação política, o “Bolsonaro de papelão” não tem sido capaz de conter disputas internas que se intensificam nos estados.
O caso mais recente ocorreu no Ceará, quando a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro criticou publicamente a aliança local do PL com o ex-governador Ciro Gomes (PSDB). A repreensão expôs fissuras no grupo.
O deputado federal André Fernandes (PL-CE), um dos principais aliados da família no Estado, respondeu afirmando que a articulação foi autorizada pelo próprio Bolsonaro “de carne e osso”.
A reação provocou uma onda de manifestações:
Flávio Bolsonaro classificou a postura de Michelle como “autoritaria e constrangedora”.
Eduardo Bolsonaro endossou o irmão: “Foi injusto. André apenas obedeceu ao líder”.
Carlos Bolsonaro também apoiou a crítica.
A divergência evidencia a falta de direção central desde a prisão do ex-presidente, abrindo espaço para disputas regionais e mensagens contraditórias entre os próprios filhos.
No sul do país, Carlos Bolsonaro enfrenta resistência ao tentar se viabilizar como candidato ao Senado em Santa Catarina. Sua movimentação contrariou acordos do governador Jorginho Mello (PL-SC) e provocou nova crise.
Sem a presença física de Bolsonaro e com os filhos divididos, o PL avalia:
uso de totens em tamanho real;
vídeos e discursos gerados por Inteligência Artificial;
participação virtual do ex-presidente em eventos da militância.
A estratégia visa preservar a imagem de Bolsonaro para manter o eleitorado mobilizado, mas analistas avaliam que a alternativa pode acentuar a perda de autoridade sobre o próprio grupo, que já opera sem comando definido.
Em meio ao vazio deixado pelo pai, Eduardo Bolsonaro tenta assumir a condução política, mas tem demonstrado contradições.
Recentemente, afirmou que só apoiaria o irmão Flávio num projeto presidencial. No dia seguinte, recuou e admitiu abertura para Tarcísio de Freitas, porém com ressalvas que fragilizam qualquer aliança futura.
A ausência do ex-presidente, que cumpre pena em regime fechado há pouco mais de 100 dias, tem aprofundado desentendimentos públicos. O comando político, antes centralizado na figura de Bolsonaro, hoje se dispersa entre filhos, aliados e alas regionais.
A insistência no “Bolsonaro de papelão” revela mais do que uma estratégia visual: representa a tentativa de manter uma liderança cuja influência já não organiza o próprio grupo.
Enquanto isso, cresce o temor entre dirigentes do PL de que familiares e aliados acabem acelerando a perda de relevância política do clã, em vez de preservá-la.
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