Economia / Indústria
SkyWest ameaça adiar entregas da Embraer se tarifa de 50% de Trump for mantida
CEO da companhia americana afirma que empresa não aceitará sobretaxa; medida ameaça 74 pedidos firmes e pode gerar perdas bilionárias à fabricante brasileira
28/07/2025
18:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A companhia aérea norte-americana SkyWest Airlines, uma das maiores clientes da Embraer, afirmou que não está disposta a pagar a tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, deve entrar em vigor na próxima sexta-feira, 1º de agosto, caso não haja um acordo bilateral.
Em entrevista coletiva realizada na última semana, o CEO da SkyWest, Chip Childs, declarou que a sobretaxa representa um impacto insustentável para a companhia, que possui 74 jatos encomendados da Embraer com entregas previstas até 2032.
“Temos a sensação de que as pessoas estão entendendo a importância disso para pequenas comunidades nos Estados Unidos, o impacto econômico disso para o nosso país. Vamos continuar lutando arduamente para avançar na questão tarifária”, afirmou Childs.
Apesar do otimismo nas negociações, o diretor comercial da SkyWest, Wade Steele, foi direto ao admitir uma consequência concreta:
“Se a tarifa de 50% com o Brasil for implementada, planejamos trabalhar com nossos principais parceiros e a Embraer para adiar a entrega até que a situação tarifária seja resolvida.”
A Embraer tem nos Estados Unidos seu maior mercado externo, responsável por:
45% das vendas de jatos comerciais
70% das vendas de jatos executivos
Atualmente, 229 dos 437 jatos comerciais encomendados pela Embraer são destinados a seis clientes norte-americanos:
Companhia aérea | Pedidos ativos |
---|---|
American Airlines | 90 |
SkyWest | 74 |
Republic Airlines | 35 |
Azorra | 18 |
Aircastle | 9 |
Horizon Air / Alaska | 3 |
Segundo estimativas da própria fabricante, cada avião da Embraer vendido aos EUA passaria a custar R$ 50 milhões a mais caso a tarifa seja aplicada — o que inviabilizaria a maior parte das entregas.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (28), a Embraer reafirmou sua confiança em um entendimento entre os governos brasileiro e norte-americano para reverter a medida protecionista:
“A Embraer está ativamente engajada com as autoridades buscando restaurar a alíquota zero para o setor aeronáutico e continuamos confiantes de que os governos chegarão a um acordo satisfatório para ambos os países.”
O CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, já havia alertado que a manutenção da tarifa poderá provocar cancelamentos de pedidos, adiamentos, corte de investimentos e até demissões, com impacto semelhante ao ocorrido durante a pandemia de Covid-19, quando 2.500 funcionários foram dispensados.
O governo Lula tem tentado articular, por meio do Itamaraty e com apoio de parlamentares, inclusive da oposição, um acordo que evite prejuízos ao setor aeronáutico. Estima-se que a tarifa possa impactar bilhões de reais em exportações, além de comprometer o desempenho industrial e tecnológico da Embraer no curto e médio prazo.
A medida de Trump é interpretada por analistas como uma resposta política à postura do governo brasileiro diante do cenário internacional, especialmente após atritos diplomáticos com o ex-presidente norte-americano.
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