Economia e Geopolítica
Richard Wolff alerta: “O império americano está em declínio” e tarifas de Trump podem acelerar recessão
Economista norte-americano diz que os EUA vivem em negação sobre sua perda de hegemonia e que os BRICS já superam G7 em poder econômico global
06/04/2025
07:15
ZAP
DA REDAÇÃO
O economista norte-americano Richard Wolff.
O economista Richard Wolff, professor renomado e crítico do capitalismo contemporâneo, fez duras críticas à política tarifária adotada por Donald Trump e alertou que os Estados Unidos estão em processo acelerado de declínio como potência dominante no cenário global.
Em entrevista ao programa independente “Democracy Now!”, Wolff afirmou que a imposição de tarifas a dezenas de países pode agravar a crise econômica interna dos EUA, elevar preços ao consumidor, provocar retaliações internacionais e empurrar o país para uma recessão.
“A economia americana está em sarilhos, e o império americano está em declínio. Os outros países não vão apenas assistir — os EUA já não têm o poder que tinham no século XX”, disse.
Para Wolff, os Estados Unidos ainda não admitem sua perda de hegemonia global. Ele afirma que o país foi beneficiário direto do comércio global nas últimas décadas, especialmente as elites, como o próprio Donald Trump, e que agora reage como “vítima” diante das transformações do sistema internacional.
“Vivemos numa nação que ainda não quer enfrentar onde é que tudo isto leva”, declarou o economista.
Segundo ele, a estratégia tarifária fortalece o bloco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que se consolida como uma alternativa ao modelo econômico liderado por Washington e Bruxelas.
Wolff destacou que o PIB combinado dos BRICS já representa cerca de 35% do input econômico global, superando o G7 (28%). Além disso, o bloco abriga metade da população mundial e é responsável por uma parcela crescente do crescimento global.
“Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul já são um bloco maior de poder econômico do que nós somos”, alertou.
O economista também chamou atenção para o avanço dos BRICS no desenvolvimento de sistemas financeiros alternativos, inclusive com planos para uma moeda internacional própria, como forma de reduzir a dependência do dólar e evitar sanções unilaterais impostas pelos EUA.
Segundo Wolff, o poder de influência norte-americano está se fragmentando. Cada vez mais, países em desenvolvimento buscam parcerias alternativas fora dos centros tradicionais, como EUA e Europa.
“Os países ainda procuram ajuda em Washington e Londres. Mas depois, mandam as mesmas equipes a Pequim, Nova Deli ou São Paulo — e muitas vezes conseguem um acordo melhor”, disse.
Para o professor, reconhecer a realidade da nova ordem mundial é o primeiro passo para que os EUA possam se reposicionar estrategicamente. Caso contrário, diz, as tarifas e o isolacionismo só acelerarão sua decadência no cenário global.
Economista e professor, especializado em economia política e análise de classe
Formado por Harvard, Stanford e Yale
Fundador da organização Democracy at Work
Apresentador do programa Economic Update, transmitido em mais de 120 rádios nos EUA
Autor de livros sobre alternativas ao capitalismo e desigualdade econômica
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