ECONOMIA
Copom eleva taxa Selic para 13,25% na primeira reunião sob comando de Gabriel Galípolo
Mercado projeta novos aumentos, com juros podendo ultrapassar 15% ao ano em 2025
29/01/2025
17:50
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou nesta quarta-feira (30) a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, passando de 12,25% para 13,25% ao ano. A decisão foi unânime entre os nove diretores da instituição.
Essa é a primeira reunião do Copom sob a presidência de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar o Banco Central. Além disso, pela primeira vez, a maioria dos diretores do BC foram nomeados pelo atual governo.
A decisão já era amplamente esperada pelo mercado financeiro, que previa uma nova alta para conter a inflação crescente. O Copom sinalizou que, se o cenário adverso persistir, um novo aumento de mesma magnitude pode ocorrer na próxima reunião.
➡️ A expectativa é que a taxa Selic ultrapasse os 15% ao ano até meados de 2025, atingindo o maior patamar em quase 20 anos.
Desde 2021, o Banco Central possui autonomia operacional, garantindo mandatos fixos para seus diretores. Até o fim de 2024, a instituição era liderada por Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nos últimos anos, a política monetária do BC foi alvo de críticas de Lula e do Partido dos Trabalhadores (PT), que consideravam os juros excessivamente altos. Segundo o presidente, isso poderia frear o crescimento econômico e prejudicar a geração de empregos.
Embora Lula tenha amenizado o tom no final de 2024, afirmando que não interferirá na autonomia do Banco Central, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, manteve sua postura crítica. Em dezembro, após a última alta da Selic, Hoffmann classificou a decisão como "insana e desastrosa".
📌 "Esse 1 ponto a mais vai custar cerca de R$ 50 bilhões na dívida pública. Isso não faz sentido para um país que precisa crescer e continuar gerando empregos", declarou Gleisi Hoffmann em suas redes sociais.
A Selic é a principal ferramenta do BC para controlar a inflação. Quando os preços começam a subir de forma acelerada, o Banco Central eleva os juros para tentar desacelerar a economia e reduzir a demanda por crédito e consumo.
📌 A partir de 2025, o Brasil adotará um sistema de "meta contínua" para a inflação, com um objetivo central de 3% ao ano, considerado cumprido se os índices ficarem entre 1,5% e 4,5%.
Atualmente, a inflação segue acima da meta, e as projeções do mercado indicam dificuldades para alcançar os 3% nos próximos anos:
🔹 2025: 5,5% (estourando a meta)
🔹 2026: 4,22%
🔹 2027: 3,90%
🔹 2028: 3,73%
Em 2024, a inflação fechou em 4,83%, acima do teto da meta do Banco Central. Isso obrigou Gabriel Galípolo a escrever uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, justificando os motivos do descumprimento.
🔹 Efeitos climáticos: Secas e instabilidades afetaram a produção de alimentos e energia elétrica, levando ao acionamento de bandeiras tarifárias.
🔹 Alta do dólar: A moeda americana se manteve elevada devido a fatores externos, como a incerteza nos EUA com a candidatura de Donald Trump, além das dúvidas do mercado sobre a política fiscal do governo brasileiro.
🔹 Crescimento econômico: A atividade econômica tem surpreendido analistas, reduzindo o desemprego a níveis históricos, mas também pressionando o setor de serviços, um dos principais responsáveis pela inflação.
Com a decisão do Copom, o mercado espera um novo aumento dos juros na próxima reunião, caso a inflação continue acima da meta.
📌 Se esse cenário se confirmar, o Brasil pode ter a maior taxa de juros em quase duas décadas, ultrapassando os 15% ao ano até o segundo semestre de 2025.
A política monetária seguirá como um dos principais desafios para a equipe econômica do governo, que busca equilibrar crescimento, controle da inflação e sustentabilidade fiscal.
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