Campo Grande (MS), Sexta-feira, 18 de Abril de 2025

OS TCs E A DEMOCRACIA: Artigo traz reflexão oportuna

Em texto na Folha de S. Paulo, presidente eleito da Atricon destaca a importância do controle externo para a permanente afirmação da democracia.

11/12/2021

07:30

IRAN COELHO DAS NEVES

Autor: Iran Coelho das Neves*

Com frequência temos nos referido à importância crucial dos tribunais de contas para a consolidação objetiva da democracia, na medida em que a crescente afirmação do controle externo exercido por essas cortes, em todas as instâncias de poder, assegura a correta aplicação dos recursos públicos em benefício do cidadão e da sociedade.

A Constituição de 1988 conferiu aos tribunais de contas novas e desafiadoras responsabilidades, ao mesmo tempo em que ampliou sua autonomia para exercer a pleno tais atribuições. Desde então se instalou um intenso e contínuo processo de qualificação profissional e de crescente apropriação dos recursos da tecnologia da informação, com reflexos diretos na efetividade do controle externo como instrumento relevante na construção permanente da democracia.

A reflexão vem a propósito de oportuno artigo (Folha de S. Paulo, 5/12/21) do recém-eleito presidente da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), Cezar Miola. Sob o título ‘Os Tribunais de Contas e a Democracia’, Miola, que é conselheiro do TCE-RS, destaca a importância das salvaguardas que asseguram o equilíbrio entre os poderes, fundamental para a estabilidade e o avanço dos regimes democráticos contemporâneos.

Ao observar que a Constituição da República define os tribunais de contas – pelas competências ampliadas que lhes atribuiu – como uma dessas salvaguardas, Miola sublinha que o texto constitucional de 88 abriu “possibilidades inéditas”, como a verificação da qualidade dos gastos públicos, mensurando sua repercussão na melhoria da qualidade de vida das pessoas. Por aí, acrescenta, “os TCs reforçam sua própria legitimidade”.

Em diferentes oportunidades temos apontado, neste espaço, a relevância do papel dos tribunais de contas na edificação permanente da democracia. Ao conferir cada vez mais proficiência a suas atribuições constitucionais, como instituições responsáveis pelo exercício do controle externo, as cortes de contas contribuem decisivamente para a transparência, a austeridade e a eficácia da governança pública.

O que significa qualificar processos e procedimentos que, em última instância, reforçam o protagonismo do cidadão contribuinte e da sociedade que cobra o retorno dos tributos em obras e serviços eficientes, efetuados sob rigorosos padrões de legitimidade, moralidade e economicidade.

Ao desincumbir-se do exercício do controle externo sobre dispêndios de agentes e gestores públicos, os tribunais de contas afirmam-se, persistentemente, como fiadores/validadores da delegação conferida pelo voto popular, base do regime democrático. E, com isso, estimulam e respaldam a ampliação do controle social, instrumento republicano por excelência.

Neste sentido, a conclusão do artigo do conselheiro Cezar Miola consubstancia, com lúcida objetividade, a relevância dos tribunais de contas na confirmação permanente da democracia:

‘A natureza do controle externo em cada país pode nos oferecer um indicador sobre o grau de consistência do Estado democrático de Direito. Quanto mais independentes e efetivos forem os sistemas de controle, mais consolidadas e protegidas serão as democracias. Essa correlação se explica também pelas possibilidades do controle social sobre o Estado. Regimes democráticos se fortalecem na medida em que a soberania da população se materializa em conduta cidadã. Não por outro motivo, em regimes democráticos afirmados, a sociedade é protagonista, exercendo em relação aos agentes públicos e ao processo de tomada de decisões notável e virtuosa influência.’

Ao mesmo tempo em que situa a importância institucional e a relevância social dos tribunais de contas para a democracia, o artigo do presidente eleito da Atricon deixa patente o peso da responsabilidade sobre os ombros de todos quantos militamos na seara do controle externo.

*Iran Coelho das Neves é Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul.

***


Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.

Últimas Notícias

Veja Mais

Envie Sua Notícia

Envie pelo site

Envie pelo Whatsapp

Municípios

Rebouças Renascença Reserva Reserva do Iguaçu Ribeirão Claro Ribeirão do Pinhal Rio Azul Rio Bom Rio Bonito do Iguaçu Rio Branco do Ivaí Rio Branco do Sul Rio Negro Rolândia Roncador Rondon Rosário do Ivai Sabáudia Salgado Filho Salto do Itararé Salto do Lontra Santa Amélia Santa Cecília do Pavão Santa Cruz Monte Castelo Santa Fé Santa Helena Santa Inês Santa Isabel do Ivaí Santa Izabel do Oeste Santa Lúcia Santa Maria do Oeste Santa Mariana Santa Mônica Santa Tereza do Oeste Santa Terezinha de Itaipu Santana do Itararé Santo Antônio da Platina Santo Antônio do Caiuá Santo Antônio do Paraíso Santo Antônio do Sudoeste Santo Inácio Sapopema Sarandi Saudade do Iguaçu São Carlos do Ivaí São Jerônimo da Serra São João São João do Caiuá São João do Ivaí São João do Triunfo São Jorge d'Oeste São Jorge do Ivaí São Jorge do Patrocínio São José da Boa Vista São José das Palmeiras São José dos Pinhais São Manoel do Paraná São Mateus do Sul São Miguel do Iguaçu São Pedro do Iguaçu São Pedro do Ivaí São Pedro do Paraná São Sebastião da Amoreira São Tomé Sengés Serranópolis do Iguaçu Sertanópolis Sertaneja Siqueira Campos Sulina Tamarana Tamboara Tapejara Tapira Teixeira Soares Telêmaco Borba Terra Boa Terra Rica Terra Roxa Tibagi Tijucas do Sul Toledo Tomazina Três Barras do Paraná Tunas do Paraná Tuneiras do Oeste Tupãssi Turvo Ubiratã Umuarama União da Vitória Uniflor Uraí Ventania Vera Cruz do Oeste Verê Vila Alta Virmond Vitorino Wenceslau Braz Xambrê

ParanAgora © 2021 Todos os direitos reservados.

PROIBIDA A REPRODUÇÃO, transmissão e redistribuição sem autorização expressa.

Site desenvolvido por: