Política / Justiça
Hugo Motta diz não haver clima para anistia ampla e cita gravidade de plano para matar autoridades
Presidente da Câmara afirma que medida precisa de maioria entre líderes para ir a votação e critica atuação de Eduardo Bolsonaro no exterior
11/08/2025
15:45
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou, em entrevista à revista Veja, que não vê ambiente político para aprovar uma anistia ampla, geral e irrestrita — expressão usada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para se referir a uma medida que o livraria de condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes ligados a tentativa de golpe.
Segundo Motta, a gravidade de crimes investigados, como o planejamento de assassinatos de autoridades, impede que esse tipo de proposta avance.
“O que eu sinto, do contato que tenho com os parlamentares, é que há uma certa dificuldade com anistia ampla, geral e irrestrita. Até porque nós tivemos o planejamento de morte de pessoas, isso é muito grave. Não sei se há ambiente para anistiar quem agiu dessa forma, penso que não”, afirmou.
Apesar disso, o presidente da Câmara defendeu que a anistia seja amplamente debatida, tanto no conteúdo quanto na possibilidade de votação em plenário. Ele destacou que qualquer pauta precisa conquistar maioria no colégio de líderes — órgão responsável por definir a agenda semanal da Casa.
Motta explicou que, embora exista um acordo entre o PL e o Centrão para pautar medidas como a anistia e o fim do foro privilegiado, partidos como o PT se opõem.
“Quando tiver uma maioria construída, jamais essa presidência irá obstruir as pautas de votação”, disse.
Ele também avaliou que a ocupação das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado por parlamentares bolsonaristas, na semana passada, reduziu o apoio às pautas da oposição, já que mais de 400 deputados não concordam com esse tipo de obstrução.
O presidente da Câmara criticou ainda o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está licenciado e nos Estados Unidos, onde atua para que o ex-presidente Donald Trump pressione autoridades brasileiras em favor de seu pai.
“Não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do país, trabalhando muitas vezes para que medidas tragam danos à economia do país. Isso não pode ser admitido”, disse, referindo-se ao tarifaço imposto pelos EUA ao Brasil.
Motta afirmou que Eduardo poderia defender politicamente a inocência de Bolsonaro, mas sem adotar ações que prejudiquem o Brasil. Segundo ele, o caso será analisado pelo Conselho de Ética como qualquer outro processo disciplinar.
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