Campo Grande (MS), Terça-feira, 17 de Junho de 2025

Previdência Social

Fraude no INSS: O espelho da decadência moral brasileira, segundo Dr. Zema

17/06/2025

12:15

PROJEÇÃO MIDIÁTICA

Apesar dos avanços sociais, o país continua refém da criminalidade sofisticada e da falência moral. Para o jurista Dr. Zema, o rombo bilionário no INSS não é só fraude, é sintoma de um Brasil que perdeu a vergonha.

O Brasil de 2025 é um país transformado. O acesso à educação nunca foi tão amplo, a internet chegou a rincões antes esquecidos, as universidades se popularizaram e a inclusão social gerou novas oportunidades para milhões. A saúde pública avançou, a fome caiu drasticamente, e o brasileiro médio vive mais e melhor do que há trinta anos. No papel, somos uma nação em ascensão.

Mas a realidade nos cobra um olhar mais profundo e mais incômodo.

Enquanto o país avança em infraestrutura, políticas públicas e direitos sociais, a criminalidade se adapta, se aperfeiçoa e resiste. O mais recente e revoltante exemplo disso é o escândalo bilionário de fraudes no INSS, que desviou recursos de aposentadorias, auxílios-doença e pensões.

Dinheiro que deveria amparar os mais vulneráveis foi parar nas mãos de criminosos altamente instruídos, bem conectados e, muitas vezes, de “ficha limpa”.

A pergunta que ecoa é: como é possível que, mesmo com tantos avanços, o Brasil continue sendo terreno fértil para o crime?

Para o jurista e escritor Dr. José Maria da Silva Filho, conhecido nacional e internacionalmente como Dr. Zema, essa contradição tem uma raiz mais profunda do que a mera ausência de políticas públicas. Em sua obra ‘Moral, Vergonha e Medo – Teoria Tríplice da Delinquência (TTD)’, ele propõe um modelo explicativo do comportamento criminoso baseado em três pilares: a moral, a vergonha e o medo. Todos eles, segundo o autor, em colapso no Brasil atual.

“Conhecimento sem moral só aperfeiçoa o desvio. O sujeito que frauda o INSS sabe exatamente o que está fazendo. Ele conhece a lei, domina o sistema, tem formação. Mas não tem freios morais”, diz Zema.

Segundo a TTD, a criminalidade não é um produto exclusivo da pobreza ou da falta de oportunidades. Pelo contrário: em um país como o Brasil, onde tantos criminosos têm curso superior, fluência digital e acesso ao poder, a ausência de moral interna é o que alimenta o crime moderno.

Vergonha virou piada. E o medo sumiu.

Zema também aponta que, nas últimas décadas, a vergonha pública foi sistematicamente esvaziada. Condenados pela Justiça são reeleitos. Empresários investigados voltam a circular em festas de gala. Influenciadores se tornam celebridades após escândalos fiscais.

“Vivemos um tempo em que roubar é, para muitos, sinônimo de esperteza. A vergonha desapareceu porque a sociedade passou a tolerar e até premiar o desvio de conduta.”

No terceiro ponto da teoria, o jurista destaca a erosão do medo das consequências. O sistema penal brasileiro, segundo ele, transmite a mensagem de que o crime compensa, especialmente para quem tem bons advogados ou influência política. O medo legítimo, necessário para conter impulsos egoístas, praticamente não existe mais.

“O medo não é opressor. Ele é organizador. É ele que impede que alguém ultrapasse os limites da lei, mesmo tendo a chance de fazê-lo. Sem medo, resta o caos”, reforça Zema.

O crime como reflexo da cultura

O caso do INSS não é um episódio isolado. Ele ilustra, com brutalidade, o colapso moral silencioso que o país enfrenta. Não se trata apenas de um rombo contábil. É o retrato de uma cultura que educa, mas não forma caráter; que distribui direitos, mas não exige responsabilidades; que investe em inclusão, mas não impõe limites.

O Brasil avançou em praticamente todos os indicadores objetivo, exceto em um: o senso coletivo de certo e errado. O crime no Brasil é cada vez mais racional, mais frio, mais organizado e mais aceito.

Reconstruir os freios internos

Além disso, não basta investir em educação técnica, programas de transferência de renda ou infraestrutura digital. É preciso um projeto nacional de reconstrução moral. E isso não se faz com slogans ou decretos. Exige um esforço de longo prazo, ancorado em valores, exemplo e consequências reais para o erro.

“Não faltam recursos. Faltam freios. Não faltam oportunidades. Faltam limites. Não faltam políticas sociais. Faltam consequências morais.”

Zema conclui com um alerta direto: se o Brasil não reerguer seus pilares éticos, continuará avançando no concreto e afundando no caráter.


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