Campo Grande (MS), Sábado, 14 de Junho de 2025

Política / Justiça

Provas obtidas pela VEJA indicam que Mauro Cid mentiu ao STF sobre uso de rede social

Mensagens revelam que delator compartilhou detalhes sigilosos de investigação e criticou Moraes mesmo após acordo de colaboração premiada

13/06/2025

10:45

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

Mensagens reveladas pela revista VEJA colocam em xeque a credibilidade do acordo de colaboração premiada firmado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). Segundo a publicação, Cid mentiu ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante interrogatório, ao negar que tenha usado perfis em redes sociais para se comunicar ou tratar de sua delação.

A revelação aconteceu no segundo dia de audiências no STF com os réus do núcleo central da tentativa de golpe de Estado, e pode provocar a anulação do acordo firmado com a PGR, o que teria consequências diretas não apenas para Cid, mas também para sua família, que é beneficiária do pacto.

Cid foi pego em armadilha da defesa de Bolsonaro

Durante o depoimento no STF, o advogado Celso Vilardi, que representa Jair Bolsonaro, perguntou a Cid se ele havia utilizado algum perfil falso nas redes sociais para comentar sobre sua delação. O ex-ajudante respondeu que não. Em seguida, foi questionado sobre o perfil @gabrielar702, e Cid hesitou: “Esse perfil, eu não sei se é da minha esposa”.

Vilardi e Oliveira Lima: advogados pretendem usar mentira para pedir anulação da delação premiada (Ton Molina/STF)

A pergunta, no entanto, foi feita com base em provas já obtidas — e a armadilha surtiu efeito. Segundo VEJA, mensagens trocadas entre Cid e interlocutores do entorno bolsonarista, entre janeiro e março de 2024, indicam que o militar usou o perfil para revelar bastidores das audiências, criticar o STF e compartilhar versões conflitantes das investigações.

O que dizem as mensagens

Nas conversas obtidas pela revista, Cid relata pressões da Polícia Federal, afirma que o ministro Alexandre de Moraes já teria decidido condenar os réus antes mesmo do julgamento e se refere ao relator da ação como “cão de ataque” do STF. Em outro trecho, ele diz:

“O jogo é sujo. Não precisa de prova, só de narrativa!”

Há ainda críticas a Moraes, ironias sobre o Supremo e comentários pessimistas sobre o futuro jurídico dos militares envolvidos:

“Os coronéis da PM vão pegar 30 anos… e depois vem para a gente. Só o Pacheco ou o Lira vai nos salvar.”

Ele também afirma que não acusou Bolsonaro de tentativa de golpe, contradizendo trechos de seus próprios depoimentos homologados:

“Eu falava que o PR não iria fazer nada.”

Acordo violado: uso de redes, contatos e mentiras

De acordo com as regras do acordo de delação premiada, Mauro Cid não poderia mentir, omitir informações, manter contato com investigados ou usar redes sociais. Além disso, foi alertado pessoalmente por Alexandre de Moraes, antes de depor no STF, de que mentir ao tribunal é crime.

As conversas com interlocutores do entorno de Bolsonaro, feitas por meio do perfil @gabrielar702, teriam ocorrido enquanto Cid usava tornozeleira eletrônica, prestava depoimentos e já havia firmado o acordo com a PGR.

O que pode acontecer agora

A nova violação pode provocar:

  • Rompimento do acordo de colaboração premiada, a critério do ministro Alexandre de Moraes

  • Perda dos benefícios concedidos, como perdão judicial ou redução de pena

  • Restauração das acusações criminais originais, com risco de até 40 anos de prisão

  • Afetação da estratégia jurídica da PGR, que usou Cid como delator-chave

  • Base para questionamentos das defesas de outros réus, como Bolsonaro, Braga Netto e Heleno

Segundo especialistas, a anulação da delação pode comprometer parte da acusação, mas não anulará a totalidade das provas, já que o processo inclui mais de 80 terabytes de arquivos, celulares, vídeos e relatórios técnicos.

Mauro Cid: do núcleo do poder à crise judicial

Braço direito de Bolsonaro, Cid participou de reuniões estratégicas no Alvorada e era o elo direto com militares e ministros do governo. A delação dele foi considerada peça-chave para a denúncia da PGR contra o grupo acusado de tentar impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2023.

Cid foi citado 179 vezes na peça acusatória e entregou nove celulares, três computadores e centenas de arquivos digitais. Ele também revelou repasses em dinheiro, articulações militares e relatos de reuniões secretas entre o então presidente e generais.

Impacto para Bolsonaro e aliados

A revelação pode ser explorada pelas defesas de Bolsonaro, Braga Netto, Heleno e outros, que argumentam que as provas e depoimentos de Cid não são confiáveis. Há, inclusive, expectativa de que parte dos embates jurídicos seja transferida para o plenário do STF, onde o grupo bolsonarista acredita ter mais chance de obter decisões favoráveis.

A delação também beneficia familiares de Cid, incluindo seu pai, o general Lourena Cid, além da esposa e da filha. Com o possível rompimento, todos esses benefícios podem ser revistos.


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