As articulações para a eleição ao Senado no Distrito Federal em 2026 revelam uma possível queda de braço entre Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, ambos do PL, em torno da formação da chapa. Enquanto o ex-presidente apoia a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) — alinhada à sua agenda de enfrentamento ao STF —, Michelle articula uma composição com o atual governador Ibaneis Rocha (MDB) e a vice-governadora Celina Leão (PP), de quem é próxima.

Pressão bolsonarista e impeachment do STF como prioridade

A movimentação ocorre em meio à pressão da base bolsonarista pela abertura de processos de impeachment contra ministros do STF, prerrogativa exclusiva do Senado. Bolsonaro tem tratado o tema como prioridade número um e busca formar uma bancada fiel a essa agenda em 2026. Ele acertou com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que terá a palavra final sobre as candidaturas ao Senado.

🔹 Bia Kicis é considerada leal ao ex-presidente e foi a deputada federal mais votada do DF em 2022, com 214 mil votos.
🔹 Ibaneis, embora reeleito no primeiro turno com apoio de bolsonaristas, já afirmou que não apoiaria o impeachment de ministros do STF, o que pesa contra sua candidatura.

Michelle articula com base feminina e partidos aliados

Michelle Bolsonaro, por sua vez, tem o apoio de Valdemar para compor uma chapa com Ibaneis e Celina Leão, o que favoreceria uma aliança com MDB e PP. A ex-primeira-dama é natural de Ceilândia, a maior região administrativa do DF, e sua força eleitoral foi decisiva na vitória da ex-ministra Damares Alves (Republicanos) ao Senado em 2022 — numa disputa em que Michelle bateu de frente com o próprio Bolsonaro, que apoiava Flávia Arruda.

Possíveis desdobramentos:

• Uma chapa puro-sangue PL, com Michelle e Bia Kicis, teria forte apelo entre eleitores bolsonaristas, mas poderia romper acordos partidários com MDB e PP.

• A manutenção da aliança com Ibaneis fortalece a base do governo local, mas entra em conflito com a agenda bolsonarista de confronto com o STF.

• A presença de Sebastião Coelho (Novo), ex-desembargador crítico de Alexandre de Moraes, amplia a divisão na direita e atrai parte do eleitorado conservador.

Candidatos cotados ao Senado no DF:

E se Michelle for à Presidência?

Nos bastidores, há ainda a possibilidade de Michelle Bolsonaro disputar a Presidência da República, substituindo o marido, ou até compor uma chapa como vice contra Lula. A princípio, a família prefere que ela concorreria ao Senado, mas o cenário segue indefinido.