Política / Justiça
Bolsonaro brinca com Alexandre de Moraes e o convida para vice em 2026: “Eu declino”, responde o ministro
Ex-presidente é ouvido como réu em processo por tentativa de golpe de Estado e protagoniza momento inusitado em sessão do STF
10/06/2025
15:35
DA REDAÇÃO
Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes em depoimento no STF — Foto: Reprodução
Durante seu interrogatório nesta terça-feira (10), no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro protagonizou um momento inusitado ao brincar com o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Em tom descontraído, Bolsonaro convidou Moraes para ser seu vice em 2026 — e ouviu de volta: “Eu declino”.
O episódio ocorreu após Bolsonaro mencionar a recepção calorosa que teria nas ruas e oferecer ao ministro um vídeo com essas imagens. Moraes recusou: “Declino”. Em seguida, o ex-presidente questionou se poderia “fazer uma brincadeira”, ao que o ministro respondeu: “O senhor quem sabe. Eu perguntaria aos seus advogados”. Bolsonaro, então, disparou: “Eu gostaria de convidá-lo para ser vice em 2026”. E Moraes respondeu novamente: “Eu declino novamente”, arrancando risadas dos presentes.
Apesar do tom descontraído do momento, Bolsonaro é réu em um processo grave, no qual a Procuradoria-Geral da República (PGR) o acusa de ser peça-chave de uma organização criminosa que buscava romper a ordem democrática e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A sessão faz parte da reta final da fase de instrução processual, quando são colhidas provas e ouvidos os acusados. Ao todo, o núcleo do processo reúne oito réus, considerados pela PGR como os principais articuladores da trama golpista:
Mauro Cid (ex-ajudante de ordens)
Alexandre Ramagem (deputado federal)
Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
Augusto Heleno (ex-ministro do GSI)
Jair Bolsonaro (ex-presidente)
Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil)
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (pena de 4 a 8 anos)
Golpe de Estado (pena de 4 a 12 anos)
Organização criminosa (pena de 3 a 8 anos)
Dano qualificado ao patrimônio da União (pena de 6 meses a 3 anos)
Deterioração de patrimônio tombado (pena de 1 a 3 anos)
Com os interrogatórios em andamento, o caso segue para possível fase de diligências complementares. Em seguida, será aberto o prazo para alegações finais das defesas e da PGR, antes do julgamento definitivo pela Primeira Turma do STF, composta por:
Alexandre de Moraes (relator)
Flávio Dino
Luiz Fux
Cármen Lúcia
Cristiano Zanin
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
STF forma maioria para responsabilizar redes sociais por conteúdos de usuários
Leia Mais
Análise: Bolsonaro adota tom contido no STF, mas aliados já projetam cenário de condenação e prisão domiciliar
Leia Mais
Bolsonaro mente ao STF sobre medidas contra a imprensa, revela histórico de ataques e uso da máquina pública
Leia Mais
Weintraub rompe com Bolsonaro após interrogatório no STF: “Fui muito otário”
Municípios