Política / Justiça
Ex-ministro Aldo Rebelo sela reaproximação com Bolsonaro e causa tensão em depoimento ao STF
Colega de futebol e viagens à Amazônia com o ex-presidente, Aldo foi ameaçado de prisão por Moraes durante depoimento sobre trama golpista
23/05/2025
18:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A participação do ex-ministro Aldo Rebelo no depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de 2022 ganhou contornos políticos e simbólicos nesta sexta-feira (23). Em audiência marcada por tensão, o ministro Alexandre de Moraes chegou a ameaçar prendê-lo por desacato, após o ex-deputado se recusar a responder objetivamente uma pergunta sobre suposta mobilização militar em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A cena pública reforça o contraste entre o passado de Aldo Rebelo, ex-dirigente histórico do PC do B e crítico do impeachment de Dilma Rousseff, e seu atual trânsito entre lideranças bolsonaristas — algo que, para quem o conheceu de perto na Câmara dos Deputados, não chega a ser surpreendente.
Durante duas décadas no Congresso Nacional, Aldo e Bolsonaro foram colegas de futebol e de viagens à Amazônia pela Comissão de Relações Exteriores. Segundo o próprio Aldo, ambos formavam uma “dupla de defesa” nos amistosos realizados entre parlamentares.
“A gente subia nos barcos da Marinha e dormia nos beliches”, contou Aldo à revista Piauí, relembrando as missões conjuntas com Bolsonaro.
Além da convivência parlamentar, ambos defendiam a soberania da Amazônia e tinham discurso afinado com pautas nacionalistas e pró-militares, embora em espectros políticos distintos — Aldo à esquerda, Bolsonaro à direita.
Apesar de sua longa militância no PC do B, partido pelo qual foi deputado e ministro nos governos de Lula e Dilma, Aldo Rebelo rompeu com parte da esquerda após o impeachment e passou a se aproximar de setores conservadores.
Em 2024, aceitou o convite para ser secretário de Relações Internacionais do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Bolsonaro. A nomeação foi celebrada por bolsonaristas como Fabio Wajngarten, e o próprio ex-presidente se referiu a Aldo como um “cara fantástico”.
Um dia antes da nomeação, Bolsonaro compartilhou uma entrevista em que Aldo afirmava que não via seriedade nas acusações de golpe atribuídas ao ex-presidente, reforçando a percepção de reaproximação.
Chamado como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, Aldo causou tumulto ao tentar relativizar o sentido da expressão “colocar tropas à disposição”, afirmando que poderia se tratar apenas de uma “força de expressão”.
A fala foi interrompida com veemência por Alexandre de Moraes:
“O senhor estava na reunião? Então o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos.”
Ao insistir na argumentação e defender sua “apreciação da língua portuguesa”, Aldo foi advertido com a ameaça de prisão por desacato.
“Se o senhor não se comportar, o senhor será preso por desacato”, disse Moraes.
O episódio evidencia os novos posicionamentos políticos de Aldo Rebelo, hoje visto por muitos como uma ponte entre setores da velha esquerda nacionalista e o conservadorismo de viés militarista que ganhou força com o bolsonarismo.
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