POLÍTICA
Na ONU, Lula critica falta de capacidade de negociação entre líderes mundiais
Presidente brasileiro destacou necessidade de reforma estrutural na governança global e no Conselho de Segurança da ONU
24/09/2024
12:05
AGÊNCIA BRASIL
DA REDAÇÃO
© Ricardo Stuckert/PR
Nesta terça-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a incapacidade de negociação entre os líderes globais durante seu discurso de abertura no debate de chefes de Estado da 79ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Lula destacou a ineficiência das ações tomadas para enfrentar os desafios mundiais, como a crise climática, e ressaltou a necessidade de uma reforma urgente na governança global.
“O enfraquecimento da capacidade de diálogo e negociação é evidente, como demonstrado na aprovação limitada do Pacto para o Futuro, um documento que busca reforçar a cooperação global”, afirmou Lula. Ele criticou a falta de união, citando como exemplo a ausência de um Tratado sobre Pandemias na Organização Mundial da Saúde (OMS), mesmo após a tragédia da pandemia de COVID-19.
Lula enfatizou que a crise na governança global requer transformações estruturais, algo que ele acredita recair sobre a Assembleia Geral da ONU. Segundo ele, a Carta das Nações Unidas, que está prestes a completar 80 anos, nunca passou por uma reforma significativa. Ele mencionou que, na época de sua fundação, a ONU contava com 51 países, enquanto hoje são 193 nações.
O presidente também destacou a ausência de um equilíbrio de gênero nas principais funções da organização e a falta de representantes de países emergentes no Conselho de Segurança da ONU. “A exclusão da América Latina e da África de assentos permanentes no Conselho de Segurança é um eco inaceitável de práticas de dominação do passado colonial”, disse Lula.
O presidente brasileiro apresentou propostas para fortalecer a governança global, como a transformação do Conselho Econômico e Social no principal fórum para tratar de desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas, além da revitalização da Assembleia Geral e da reforma do Conselho de Segurança. Lula destacou que o direito de veto dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança — EUA, Rússia, China, França e Reino Unido — é um dos grandes obstáculos para uma governança mais justa e eficaz.
Lula reconheceu a complexidade dessa reforma, mas ressaltou que é uma responsabilidade coletiva avançar nesse sentido. “Não podemos esperar por outra tragédia mundial para reformar a governança global”, afirmou o presidente.
O discurso de Lula também refletiu as prioridades do Brasil como presidente do G20 até novembro, destacando o combate às desigualdades, a luta contra a fome, e o enfrentamento das mudanças climáticas. O Brasil atualmente lidera o bloco que reúne 19 países e duas entidades regionais — a União Europeia e a União Africana.
Lula participou de várias reuniões bilaterais nos últimos dias, incluindo encontros com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Ele também coordenou o evento "Em defesa da democracia, combatendo os extremismos", juntamente com o presidente espanhol Pedro Sanchez, visando fortalecer as instituições no combate à desigualdade, à desinformação e ao radicalismo.
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