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Quem cuida de quem cuida? Saúde mental dos médicos em foco
Transtorno de ansiedade lidera entre profissionais de saúde; 33,5% dos médicos foram diagnosticados e 21,1% relataram sintomas nos últimos 12 meses
22/09/2024
19:55
DA REDAÇÃO
A questão de quem cuida dos cuidadores, especialmente dos médicos, tem ganhado destaque. É cada vez mais evidente que os profissionais da saúde, responsáveis por cuidar de outros, também precisam de atenção. Um levantamento recente revelou que quase metade dos médicos, principalmente as mulheres, enfrenta algum grau de doença mental, como ansiedade, depressão e burnout.
Realizada com mais de 2 mil médicos em todo o Brasil, a pesquisa "Qualidade de vida dos médicos", conduzida pelo Research Center e apresentada pela Afya, mostrou que 39,8% dos profissionais lidam com algum tipo de doença mental. O estudo destaca que duas em cada três pessoas afetadas são mulheres.
Na faixa etária de 25 a 35 anos, o número é ainda mais alarmante: 49,6% dos médicos sofrem com doenças mentais, sendo que 3,6% já foram internados para tratar a condição e ficaram afastados do trabalho por cerca de 5,1 semanas nos últimos 12 meses.
O transtorno de ansiedade lidera entre os diagnósticos, com 33,5% dos médicos relatando o problema. Além disso, 21,1% dos profissionais apresentaram sintomas de ansiedade no último ano, e 27,1% desses estão em tratamento. Contudo, 6,4% dos diagnosticados não buscam tratamento. As mulheres são mais impactadas: quatro em cada 10 médicas sofrem com a doença, enquanto entre os homens o índice é de 25,1%.
A depressão é o segundo diagnóstico mais comum, afetando 22,1% dos profissionais. Destes, 19,9% tratam a doença, mas 2,2% não. Outros 17,1% apresentam sintomas sem diagnóstico médico.
O burnout também é um problema significativo, atingindo 6,7% dos médicos, metade dos quais identificados nos últimos 12 meses. Mesmo assim, 2% dos diagnosticados não buscam acompanhamento. Embora o índice pareça baixo, mais de 50% dos médicos já apresentaram algum sintoma de burnout, principalmente devido à carga horária elevada – médicos com esse perfil trabalham em média 57,2 horas por semana, cerca de sete horas a mais que a média geral.
A boa notícia é que, em comparação com o último estudo realizado em 2022, houve uma leve melhora nos índices. No entanto, as doenças mentais continuam sendo uma preocupação. Em resposta aos dados, a Afya lançou a campanha "Está tudo bem?", incentivando médicos e estudantes de medicina a buscar ajuda especializada para suas questões de saúde mental.
A saúde mental tem ganhado cada vez mais espaço em diferentes esferas, e no caso dos médicos, a conscientização de que também são vulneráveis é crucial. Campanhas de alerta e sensibilização são necessárias para garantir que os cuidadores também recebam os cuidados de que tanto precisam.
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