POLÍTICA EXTERIOR
Lula faz reunião de emergência para discutir "tensão" com Venezuela
A decisão de Caracas de romper unilateralmente o acordo para preservar a embaixada da Argentina foi interpretada como um sinal de distanciamento entre os países
08/09/2024
11:53
NAOM
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Neste domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto para tratar da crescente crise com a Venezuela. Segundo o colunista Jamil Chade, do UOL, o governo brasileiro avaliou que, apesar dos esforços para mediar a crise política venezuelana, as tensões entre os dois países aumentaram significativamente. O ponto de ruptura foi a decisão unilateral de Caracas de encerrar o acordo que garantia a proteção da embaixada argentina, algo que foi interpretado como um movimento de distanciamento do regime de Nicolás Maduro em relação ao Brasil.
Após a eleição de julho, em que o governo argentino apontou irregularidades nas votações ocorridas na embaixada em Caracas, diplomatas argentinos foram expulsos da Venezuela. O Brasil havia assumido a responsabilidade pela embaixada em um acordo com o governo Maduro, mas o recente cerco à sede diplomática e a suspensão do acordo surpreenderam Brasília. Outro fator que gerou atrito foi a narrativa do regime sobre o exílio do opositor Edmundo Gonzalez, alvo de críticas do governo brasileiro.
A tentativa do Brasil de manter um canal de diálogo entre o governo e a oposição venezuelana foi enfraquecida pela ausência de importantes figuras da diplomacia brasileira. Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais, estava em Moscou, enquanto o chanceler Mauro Vieira encontrava-se em missão oficial no Oriente Médio, complicando a gestão da crise no curto prazo.
Além da questão diplomática, a situação da oposição venezuelana preocupa o Brasil, que avalia que a prisão ou o exílio de Gonzalez não são as melhores soluções para os impasses políticos. Lula já se posicionou anteriormente como defensor do diálogo político como caminho para a estabilização da Venezuela, algo que se vê cada vez mais ameaçado com a recente escalada de tensões.
A reunião de emergência convocada por Lula contou com a presença de assessores e da secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha. A principal discussão girou em torno das medidas a serem adotadas diante dessa nova crise diplomática, e há expectativa de que o governo brasileiro possa emitir uma nota oficial nos próximos dias. Entre as opções, estão uma reavaliação do papel do Brasil como mediador na crise venezuelana e possíveis sanções diplomáticas.
Essa crise diplomática ocorre em um momento delicado das relações sul-americanas, já que o Brasil, sob o governo Lula, tem tentado reposicionar-se como um ator relevante na mediação de conflitos regionais, defendendo uma maior integração dos países do continente.
O rompimento do acordo pela Venezuela não apenas complica as relações bilaterais com o Brasil, mas também gera preocupações sobre a estabilidade regional. A Argentina, envolvida diretamente no impasse, também monitora os desdobramentos de perto, e há especulações de que a situação possa ser discutida em fóruns internacionais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA).
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