Campo Grande (MS), Domingo, 20 de Abril de 2025

ALERTA!

Perigo: Selfies e vídeos para redes sociais requerem atenção máxima em locais de risco

Distração ao fazer registros em áreas rochosas ou lugares elevados pode ocasionar graves acidentes, inclusive fatais

16/08/2024

12:00

TRAUMA

Carolina Santaro Lantim

Selfies em um cenário de risco, podem ir de um ato inofensivo a um grande problema, ou terminar em morte ©DIVULGAÇÃO

No dia 11 de agosto, uma mulher caiu de um desfiladeiro de 18 metros em Borne Ghat, na Índia, enquanto fazia uma selfie diante da cachoeira de Thoseghar. O acidente aconteceu depois que ela voltava de uma trilha com um grupo de amigos. Nasreen Amir Kureshi, de 29 anos, foi resgatada e sobreviveu à queda. Em outro caso, no dia 5 deste mês, uma turista bateu a cabeça em um poste quando tentava gravar um vídeo para o Tik Tok pendurada para fora de um trem em movimento na Tailândia. Apesar da força da batida, ela sofreu apenas lesões leves e exames não detectaram ferimentos internos graves.

Casos similares vêm sendo registrados com frequência. Em junho, uma mulher morreu no México ao tentar fazer uma selfie de uma Maria Fumaça que se aproximava de sua cidade. Ao chegar muito perto do veículo, ela foi atingida na cabeça por uma das estruturas laterais do trem.

No Brasil, no mesmo mês, uma ciclista também foi atingida na cabeça ao tentar fazer uma selfie com um trem em Uberaba. No dia 12 de fevereiro, um jovem de 16 anos morreu após cair de um viaduto sobre a Rodovia Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP). No atendimento à ocorrência, a Polícia Militar Rodoviária apurou que o rapaz teria pulado a grade para fazer uma selfie com um grupo de amigos.

A busca por “likes” nas redes sociais se tornou uma sensação global na última década e, quanto maior a criatividade para compor a foto, maior o engajamento. Porém, quando o cenário é um local de risco, o ato inofensivo pode se transformar em um grande problema, ou em uma tragédia, alerta o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico, Marcelo Tadeu Caiero.

“Quando uma queda de altura não é fatal, pode resultar em série de lesões, o chamado politraumatismo, que é quando pelo menos duas partes do corpo se lesionam gravemente. A energia desprendida no momento da lesão está diretamente relacionada com a gravidade das lesões. Então, quanto maior a velocidade que o corpo se desloca no momento do trauma, mais sérias as lesões serão”, explica o especialista.

Os politraumatismos podem incluir múltiplas fraturas ósseas, lesões na coluna, hemorragias, perda de membros (amputações), além de lesões cerebrais. “As consequências podem ser graves e afetar de forma importante a qualidade de vida da pessoa, pois as sequelas, com lesões permanentes, são muito comuns”, pontua Caiero.

Um estudo da Fundação iO, especializada em Medicina Tropical e do Viajante, revelou que cerca de 379 pessoas morreram entre janeiro de 2008 e julho de 2021 ao tentarem tirar a “selfie perfeita”. Apenas nos primeiros sete meses do último ano analisado (2021), foram registradas 31 mortes, o equivalente a, em média, um óbito por semana.

Os tipos mais comuns de mortes envolvendo selfies foram decorrentes de quedas de lugares como cataratas, precipícios e telhados, que contabilizaram 216 dos 379 casos.

Os casos, que não vêm sendo incomuns, fez com que pesquisadores da Austrália analisassem artigos científicos e reportagens da mídia sobre ferimentos e mortes causadas por selfies em todo o mundo. Ao concluírem, frisaram que o ato deveria ser considerado um “problema de saúde pública”.

“Não se coloque em situações de perigo ficando próximo à penhascos, sentado em muretas ou perto de pedras onde um escorregamento pode fazer a pessoa cair no mar ou em uma cachoeira”, fala Caiero. “Nunca menospreze o ambiente ao seu redor. Muitas vezes, a pessoa se orienta pela tela do celular e não se atenta ao entorno, onde está pisando, próximo a que ela está, se há risco de cair, se afogar, então, veja onde está pisando, o que tem ao redor para, em segurança, fazer a foto. Não arrisque a vida por likes”, enfatiza.

Locais mais perigosos

Em 2021, a revista Journal of Travel Medicine apontou que a Praia da Penha, em Santa Catarina, está entre os 10 lugares com mais mortes em tentativas de selfies no mundo. Foi lá, inclusive, que uma mulher de 28 anos morreu ao cair do costão da Ponta do Vigia, quando fazia uma foto, em 2021.

Outros lugares considerados perigosos, de acordo com a publicação, são as cataratas do Niágara (na fronteira entre os EUA e Canadá); o Glen Canyon (EUA); o Charco del Burro (Colômbia); a catarata de Mlango (Quênia); os montes Urais (Rússia); o Taj Mahal e o vale de Doodhpathri (ambos na Índia); a ilha Nusa Lembongan (Indonésia) e o arquipélago de Langkawi (Malásia).

À época, o Brasil ocupava o quinto lugar da lista, com 17 casos de morte por selfies e os países que mais registravam mortes eram Índia (100 casos), Estados Unidos (39) e Rússia (33).

Atenção máxima também ao caminhar

Tirar uma selfie em cenários arriscados não é o único risco de acidentes envolvendo o uso de celular. Ao caminhar pela rua, digitando ou olhando mensagens, situações sérias podem acontecer, como a registrada na cidade de Januária, em Minas Gerais, no dia 18 de fevereiro. Um homem de 33 anos caiu em um bueiro de 2,5 metros de profundidade. Durante o resgaste, a vítima contou aos socorristas que estava focado na tela do aparelho e não percebeu que o bueiro estava aberto.

“Evite andar na rua com fone de ouvido, que aumenta a distração, e não caminhe e use o celular ao mesmo tempo. Atente-se ao trajeto, nos obstáculos e demais riscos que pode haver no caminho, conclui o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico.

Sobre a Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (TRAUMA)

A Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (ABTO), fundada em 25 de setembro de 1997, é uma associação científica de âmbito nacional sem fins lucrativos, constituída por médicos interessados nos estudos das afecções ortopédico-traumáticas do sistema locomotor.

Congrega médicos que se interessam pelo trauma ortopédico e suas sequelas, aperfeiçoar e difundir conhecimentos e a prática da traumatologia ortopédica.


Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.

Últimas Notícias

Veja Mais

Envie Sua Notícia

Envie pelo site

Envie pelo Whatsapp

Municípios

Rebouças Renascença Reserva Reserva do Iguaçu Ribeirão Claro Ribeirão do Pinhal Rio Azul Rio Bom Rio Bonito do Iguaçu Rio Branco do Ivaí Rio Branco do Sul Rio Negro Rolândia Roncador Rondon Rosário do Ivai Sabáudia Salgado Filho Salto do Itararé Salto do Lontra Santa Amélia Santa Cecília do Pavão Santa Cruz Monte Castelo Santa Fé Santa Helena Santa Inês Santa Isabel do Ivaí Santa Izabel do Oeste Santa Lúcia Santa Maria do Oeste Santa Mariana Santa Mônica Santa Tereza do Oeste Santa Terezinha de Itaipu Santana do Itararé Santo Antônio da Platina Santo Antônio do Caiuá Santo Antônio do Paraíso Santo Antônio do Sudoeste Santo Inácio Sapopema Sarandi Saudade do Iguaçu São Carlos do Ivaí São Jerônimo da Serra São João São João do Caiuá São João do Ivaí São João do Triunfo São Jorge d'Oeste São Jorge do Ivaí São Jorge do Patrocínio São José da Boa Vista São José das Palmeiras São José dos Pinhais São Manoel do Paraná São Mateus do Sul São Miguel do Iguaçu São Pedro do Iguaçu São Pedro do Ivaí São Pedro do Paraná São Sebastião da Amoreira São Tomé Sengés Serranópolis do Iguaçu Sertanópolis Sertaneja Siqueira Campos Sulina Tamarana Tamboara Tapejara Tapira Teixeira Soares Telêmaco Borba Terra Boa Terra Rica Terra Roxa Tibagi Tijucas do Sul Toledo Tomazina Três Barras do Paraná Tunas do Paraná Tuneiras do Oeste Tupãssi Turvo Ubiratã Umuarama União da Vitória Uniflor Uraí Ventania Vera Cruz do Oeste Verê Vila Alta Virmond Vitorino Wenceslau Braz Xambrê

ParanAgora © 2021 Todos os direitos reservados.

PROIBIDA A REPRODUÇÃO, transmissão e redistribuição sem autorização expressa.

Site desenvolvido por: