Apontada como chefe de grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, ela foi presa em 15 de junho. Sara Giromini é investigada em inquérito que apura organização de atos antidemocráticos.
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Extremista Sara Giromini foi presa pela PF na investigação sobre os atos antidemocráticos ©Dida Sampaio/Estadão Conteúdo |
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quarta-feira (24) que a extremista Sara Giromini pode deixar a prisão, mas será monitorada com tornozeleira eletrônica.
Apontada como chefe de um grupo de extrema-direita que apoia o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ela estava presa desde o dia 15, por ordem do ministro, que é relator do inquérito que investiga a organização de atos antidemocráticos. Sara é suspeita de captar recursos para os atos.
Ela estava detida na Penitenciária Feminina do DF, conhecida como Colmeia. A prisão temporária foi determinada por Moraes, em inquérito aberto a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) e se estende a outras pessoas presas no âmbito do mesmo inquérito: Renan de Morais Souza, Emerson Rui Barros dos Santos, �?rica Viana de Souza, Daniel Miguel e Arthur Castro.
Alexandre de Moraes determinou também outras medidas:
- O grupo não pode manter contato entre si e com outros participantes do grupo extremista, além de parlamentares, como Aline Sleutjes, Bia Kicis, Carla Zambelli, Caroline de TonI, Otoni de Paula, Arole de Oliveira, General Girão.
- O grupo também não pode manter contato com empresas e empresários como Otávio Oscar Fakhoury e a empresa Inclutech Tecnologia da Informação, ligada a Sérgio Lima.
- O grupo não pode manter contato com blogueiros como Allan dos Santos.
- A lista inclui ainda a proibição de contatos com perfis e movimentos.
- O grupo deverá ficar distante, por pelo menos um quilômetro, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional.
- A decisão prevê, como locais onde eles poderão circular, residências e áreas de trabalho.
- O grupo deverá ficar recolhido dia e noite, com saídas apenas com autorização, para trabalho e estudo.
O ministro Alexandre de Moraes afirma que é necessária a restrição a atuação do grupo, de forma a preservar o andamento da investigação.
"Verifico estar demonstrado o risco à investigação e a necessidade de restrição à atuação dos integrantes do grupo com relação aos fatos aqui investigados; considerando, todavia, a gravidade e reprovabilidade das condutas até agora a eles atribuídas, entendo ser suficiente para a garantia da ordem pública e a regularidade da instrução criminal, a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, inclusive com a utilização de monitoração eletrônica", apontou Moraes.
Investigações
De feminista a chefe de grupo suspeito de ser �??milícia armada�?�: quem é Sara Giromini?
As investigações do STF apontam que o grupo extremista se diz contrário a uma intervenção militar e propõe uma intervenção popular. Segundo a Procuradoria Geral da República, no início de maio, �??o movimento esteve acampado em um chácara em Brasília, onde seriam oferecidos aos membros cursos sobre táticas de guerra da informação, treinamento com especialistas em revolução não violenta e palestras sobre a conjuntura social e política do país�?�.
Um dos elementos que pesam contra o grupo é a movimentação pela captação de recursos para atos antidemocráticos, inclusive, a partir de uma vaquinha online para financiar as ações. Os investigadores apontam ainda que o grupo obteve por meio de uma plataforma de financiamento virtual uma soma de R$ 71,6 mil.
Giromini prestou depoimento à Polícia Federal na segunda-feira (15), quando negou apoio de governo ou partidos em suas ações. Na terça (16), em novo depoimento, Sara e outros três presos ficaram calados.
Sara Giromini também é investigada em outro inquérito, que apura a produção e disseminação de fake news e ataques ao Supremo.
No fim de maio, quando foi alvo de uma ação da Polícia Federal nesse inquérito, ela gravou um vídeo com insultos e ameaças ao ministro relator, Alexandre de Moraes. Foi denunciada pelo Ministério Público Federal por injúria e ameaça contra o ministro.
Ao STF, os advogados da extremista alegavam que a prisão é ilegal, uma vez que ela não teria foro privilegiado no STF, por exemplo.
"Conforme demonstrado minuciosamente, na�?o se vislumbra minimamente qualquer justificativa plausível para a prisa�?o cautelar da paciente, uma vez que além de possuir endereço fixo, sequer foi indicado um crime tipificado", afirmaram.
A extremista também é alvo de investigação pela Polícia Civil do DF. A corporação apura a conduta de grupos que praticaram atos antidemocráticos no DF e cometeram crimes de injuria e ameaça contra autoridades dos Três Poderes. Segundo o delegado Ricardo Gurgel, que cuida do caso, Sara também é alvo da apuração por ser integrante do grupo.
Por Márcio Falcão e Fernanda Vivas, TV Globo e G1 DF �?? Brasília