POLÍTICA
Mauro Cid chega ao STF para esclarecer contradições em delação sobre plano golpista
Audiência conduzida por Alexandre de Moraes avaliará destino do acordo após relatório da Polícia Federal apontar inconsistências
21/11/2024
13:35
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta quinta-feira (21) para prestar esclarecimentos sobre sua colaboração premiada. A audiência foi convocada pelo ministro Alexandre de Moraes, após a Polícia Federal (PF) identificar possíveis omissões e contradições entre os depoimentos do militar e as provas obtidas na investigação do plano golpista que visava o assassinato de autoridades em 2022.
O relatório da PF revelou inconsistências nas declarações de Mauro Cid sobre o plano que envolvia o monitoramento e possível assassinato de figuras como o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin, e o próprio ministro Moraes. O plano foi associado a conversas e dados extraídos do celular de Cid, considerado uma peça-chave para os investigadores.
Em depoimento recente, Cid negou qualquer envolvimento ou conhecimento da trama. Contudo, a PF destacou contradições e classificou sua postura como potencial omissão dolosa, colocando em xeque os termos do acordo firmado.
Na audiência, Moraes analisará se o acordo de delação premiada permanece válido, considerando as obrigações legais, como:
Caso seja constatada omissão ou descumprimento das condições, o ministro poderá anular a delação, embora as provas obtidas possam ser preservadas.
O acordo de Mauro Cid foi homologado por Alexandre de Moraes em setembro de 2023, após o militar ser preso em investigações sobre fraudes em cartões de vacina. Em troca da colaboração, Cid obteve benefícios, como liberdade provisória e redução de pena. No entanto, ele está sujeito a medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de viagens e suspensão de funções no Exército.
Em março de 2024, áudios divulgados pela imprensa indicaram possíveis descontentamentos do militar com o acordo, o que levou à sua prisão temporária por obstrução de justiça.
O advogado Cezar Bittencourt, que representa Mauro Cid, sustenta que o militar não omitiu informações e que desconhece o plano de golpe ou qualquer trama para assassinato de autoridades. "Não há motivos para a anulação do acordo, e, se isso ocorrer, vamos recorrer," afirmou Bittencourt.
Após os esclarecimentos de Cid, Moraes decidirá sobre a validade do acordo. Caso a delação seja anulada, o militar pode perder os benefícios adquiridos e enfrentar novas acusações, incluindo a possibilidade de retorno à prisão.
A decisão também definirá se as provas obtidas, especialmente os dados do celular de Cid, permanecerão válidas para as investigações em curso.
O caso destaca o aprofundamento da Operação Contragolpe, que já resultou na prisão de cinco pessoas acusadas de planejar ações golpistas contra o Estado democrático de direito. A delação de Mauro Cid, embora considerada relevante, foi superada em impacto pelas provas obtidas diretamente pela PF, reforçando a importância do trabalho investigativo independente.
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