SAÚDE
"Eutanásia não está descartada", diz jovem que sofre com a pior dor do mundo
Após alta hospitalar, Carolina Arruda segue em tratamento para neuralgia do trigêmeo, mas mantém a eutanásia como opção dependendo da evolução de sua condição.
31/08/2024
20:10
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Carolina Arruda, estudante de veterinária de 27 anos, que sofre de neuralgia do trigêmeo, uma condição conhecida por causar a pior dor do mundo, recebeu alta da Santa Casa de Alfenas (MG) nesta sexta-feira (30), onde esteve internada desde 8 de julho. A decisão de alta foi tomada após os médicos concluírem que não há novas terapias que justifiquem sua permanência hospitalar.
A neuralgia do trigêmeo é caracterizada por episódios de dor facial intensa, que são descritos como choques elétricos e pontadas que podem se estender para a cabeça. O caso de Carolina é ainda mais complexo, pois sua condição é bilateral, afetando ambos os lados do rosto, o que torna o tratamento ainda mais desafiador.
Durante sua internação, Carolina passou por dois procedimentos. O primeiro, um implante de neuroestimuladores na medula espinhal e no gânglio de gasser, não surtiu o efeito esperado. O segundo procedimento, realizado em 17 de agosto, foi a implantação de uma bomba de infusão de fármacos, um sistema intratecal de liberação de medicamentos.
Carolina relatou à Folha que, embora sua dor basal tenha melhorado, os episódios de crise ainda são frequentes, reduzindo de 50 para 20 ocorrências por dia. “Tinha entre 30 e 50 crises por dia e agora baixou para 20. Eles [os médicos] têm esperança porque existe a possibilidade de usar a bomba, aumentar o medicamento e trocar para outros mais potentes. Ainda há algumas saídas para tentar fazer com que essa bomba seja um pouco mais efetiva. Estou atenta. Não vou depositar tanta esperança porque tenho medo de me decepcionar”, afirmou.
Apesar das melhorias, Carolina não descarta a possibilidade de recorrer à eutanásia, mas decidiu esperar seis meses para avaliar se o tratamento atual proporcionará uma melhora significativa. “A minha ideia para abandonar a eutanásia, conforme o combinado com o doutor Carlos, era a dor reduzir em 50%. Até agora diminuiu cerca de 25%”, explicou.
Carolina, que convive com essa condição há 11 anos, já passou por quatro cirurgias, consultou mais de 70 médicos e testou mais de 50 medicamentos antes de chegar ao tratamento atual em Alfenas. Sua história ganhou destaque nas redes sociais após iniciar uma vaquinha para buscar eutanásia na Suíça, onde a prática é legal.
Com a repercussão de seu caso, a Clínica da Dor da Santa Casa de Alfenas ofereceu tratamento gratuito, reunindo uma equipe de especialistas para discutir e propor uma abordagem terapêutica. A opção de uma cirurgia de microdescompressão vascular foi descartada pela equipe médica devido aos riscos e à falta de sucesso em procedimentos anteriores.
Carolina continuará seu tratamento com ajustes nas medicações e nas doses dos medicamentos administrados através da infusão intratecal. Ela também recebe suporte psicológico para ajudá-la a lidar com os aspectos emocionais e traumas associados à sua condição.
Além de seu tratamento pessoal, Carolina fundou a Associação Neuralgia do Trigêmeo Brasil, que está em fase de estruturação. A entidade foi criada para apoiar outras pessoas que convivem com essa condição dolorosa, oferecendo consultas gratuitas com profissionais de diversas áreas, incluindo médicos da dor, psicólogos, nutricionistas e advogados. Quando o site da associação estiver disponível, os interessados poderão se inscrever como membros e ter acesso aos serviços oferecidos.
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